terça-feira, 22 de abril de 2014

Defendendo a coerência

O economista Armínio Fraga, ex-presidente do BC, PhD em Economia pela Universidade de Princeton, ex-gestor da Soros Found e atual sócio da Gávea Investimentos que tem quase R$ 16 bilhões sobre gestão (responsabilidade dele, dinheiro de clientes), foi acusado de dizer que o "O salário mínimo está muito alto” em entrevista ao jornal Estado de São Paulo (link’s no final da página), não se preocupe, tentarei fazer um texto curto, pois como nossa produtividade é muito elevada (vide The Economist), o trabalhador brasileiro não terá tempo para ler por inteiro.

Vamos as coerências. A palavra “salário” aparece 5 vezes na entrevista do Armínio, vou transcrever aqui para os que não leram, apenas reproduziram a reprodução da ignorância:

“ESP: O que fazer com a política do salário mínimo, que começa a ser revista no início de 2015?”

A. Fraga: “É outro tema que precisa ser discutido. O salário mínimo cresceu muito ao longo dos anos. É uma questão de fazer conta. Mesmo as grandes lideranças sindicais reconhecem que, não apenas o salário mínimo, mas o salário em geral, precisa guardar alguma proporção com a produtividade, sob pena de, em algum momento, engessar o mercado de trabalhoA política do salário mínimo tem tido impactos relevantes. É um tema muito complexo e polêmico. Não tenho uma receita pronta. Estou prestando uma assessoria ao senador Aécio Neves, mas não estou entrando neste nível de detalhe. Outras perguntas que chegam com frequência é sobre como fazer a reforma tributária, o que fazer com as desonerações, o que fazer com os preços congelados - vão liberar de uma vez, vão fazer gradualmente? São questões da maior importância. Quem assumir o governo vai ter de pensar em tudo isso. Mas o tema é polêmico. Eu gosto muito de analisar as coisas antes de emitir uma opinião. É opinião antiga, de gente que faz conta, que o vínculo do salário mínimo com a previdência tem um custo. Como ocorre em todos os outros temas, é preciso pensar em custos e benefícios. Nesse ponto, entramos no terreno da política, onde não me sinto à vontade para entrar, especialmente neste momento. É fácil ser mal interpretado.

Pois é Armínio, além de ser mal interpretado, você não foi nem interpretado. Não precisar ser um gênio ou PhD em economia para saber que existe um descompasso entre a política de remuneração dos salário mínimo e sua produtividade no Brasil, pois o salário meus amigos é um “preço” é o custo da força de trabalho, que deve ser balizado por sua produtividade, que cresceu muito pouco. Ficando quase estagnada nos últimos anos (vide artigos anexos). Então, porque os salários crescem, pela metodologia que hoje ele possui que não é ruim (na minha visão), mas que gera indexação, o grande problema é: Se você eleva o preço de um produto e está a cada ano consumindo menos ou a mesma quantidade dele, você acha que está sendo lesado ou não?

Pois é, o Fraga disse apenas que não é possível ser um país com baixa produtividade pagando remunerações acima dela, não por que ele deseja que o Brasil quebre ou que todo mundo fique pobre, pelo contrário (ele é empresário hoje), é porque se isso não for ajustado em algum momento a economia paga pelos seus desequilíbrios e paga caro. Isso quer dizer que vamos reduzir o salário mínimo, não, mas vamos ter que aumentar a produtividade, e como fazer isso, na minha visão: “+ Educação, - Impostos, - Burrocracia”. Temos que transformar o Brasil em um país competitivo, com serviços e indústrias fortes (independente do câmbio), como é o agronegócio nacional.

Ainda para esclarecer, de que adianta salários maiores com inflação elevada, isso se chama ilusão monetária meus amigos, as pessoas em geral não fazem a conta do valor do salário real que é W/P = 1/ (1 + µ). Assim, salário em desajustes com a produtividade geram um desequilíbrio no mercado de trabalho, como o nosso está aquecido, um desequilíbrio maior ainda, o que gera efeitos sobre a oferta e demanda da economia (vide a “boca de jacaré” entre oferta e demanda no relatório do JP Morgan), o que por sua vez produz efeitos inflacionários.

Enfim, não irei mais estender o assunto, apenas mostrar para os amigos economistas ou não, que o preço do salário não é uma variável arbitraria, tudo tem um custo e um porque. Claro que gostaria de ganhar mais e ter uma renda no Brasil (US$ 12 mil por ano) igual a Alemanha (US$ 44 mil por ano), segundo o FMI (2011), adoraria, mas isso se conquista com mudanças, eficiência e muito trabalho.   

Obs: Leiam a entrevista do Armínio Fraga na íntegra e se acharem alguma incoerência, favor escreva um artigo e mande para o Ministério da Fazenda com Att: Senhor Ministro!

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Link’s:






Um comentário:

  1. Thobias Silva,

    É uma atitude admirável, dividir conhecimento e passar informações, para nós alunos que está trilhando a fase de estudos, cheios de sonhos e dispostos a lutar e implementar às Mudanças necessárias nas Organizações e no país como um todo(Espero alcançar o tempo que teremos um Brasil com menor índice de prisão televisiva e maior conhecimento global)

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