sábado, 25 de maio de 2013

A ECONOMIA DO CASAMENTO I

Esse tema é muito mais comum do que você imagina. Casamento e Economia é um tema muito comum nos EUA: em capítulos de livros, tese de doutorado e até livros inteiros dedicados ao assunto, grandes nomes da economia já escreveram sobre o matrimônio, dentre eles Gary Becker ganhador do premio Nobel de economia de 1992, no trabalho “A teoria do casamento”. Mas vamos tentar falar do tema no âmbito além da teoria econômica.




Começamos nossa discussão sobre casamento tomando-se o mesmo como um dado adquirido. Assumimos que algumas pessoas querem se casar com outras pessoas e que essas pessoas preferem alguns potenciais parceiros para os outros. Assumimos também que, embora os cônjuges, potenciais e reais parceiros, podem colocar um valor considerável no bem-estar do outro (ou seja, quantificar) ainda há espaço para algum conflito de interesses entre eles. Há, portanto, também espaço para alguma negociação sobre os termos, implícita ou explícita, do matrimônio.

Para aumentar o interesse da discussão, vou me concentrar em uma questão política particular. Em nossa sociedade, são permitidos apenas os casamentos monogâmicos - um marido, uma esposa. Em diversas outras sociedades, casamentos polígamos (um marido, duas ou mais esposas) e casamentos poliândricas (uma mulher, dois ou mais maridos). Qual seria o efeito de legalizar a poligamia ou a poliandria sobre bem-estar dos homens? Ou o bem-estar das mulheres? No bem-estar líquido de todos os interessados? Não sei, mas podemos tentar...

A fim de responder a essa pergunta, precisamos de um modelo formal do mercado de casamento. Vou trabalhar as implicações de dois diferentes. O primeiro é projetado para tornar o mercado de casamento parecido com os mercados com os quais estamos acostumados (oferta e demanda em concorrência perfeita), o segundo é projetado para enfatizar dois dos aspectos em que ele difere de tais mercados, mas faremos a apresentação do modelo 2 na próxima semana (igual na novela... próximo capítulo)!

Modelo 1

Para o nosso primeiro modelo, então, vamos pensar no mercado de casamento como um mercado comum, com um preço. O preço é definido em relação a um contrato de casamento “padrão”. Qualquer outro contrato pode ser visto como um modelo de contrato de mais ou menos um determinado número de reais pagos pelo marido à mulher, o que paga mais representa um contrato mais favorável para a mulher do que o “padrão”, enquanto que paga menos representa um menos favorável. A oferta e a procura se comportam como em qualquer outro mercado.  

Assim a quantidade ofertada de mulheres - o número de mulheres dispostas a se casar - será maior, e a quantidade demandada menor, maior o preço. O modelo é totalmente simétrico, assim podemos facilmente falar da quantidade demandada e quantidade ofertada de maridos. Contanto que todos os casamentos são monogâmicos, o número de maridos fornecidos e o número de esposas exigidas são os mesmos, uma vez um homem que busca se tornar um marido é um homem que busca obter uma esposa, assim como, em um mercado de troca.

Imagine, por exemplo, que uma praga mata muitas mulheres jovens em idade de casar. Assim depois da praga é fácil para as mulheres jovens acharem homens em grande oferta para se casar. Um resultado que seria de esperar é uma mudança de o "preço" associada com o casamento.

Numa sociedade onde as mulheres são escassas, o homem que prometeu antes do casamento fazer tudo o que sua esposa quis, tem que se mostrar menos acomodado depois de casado, pois outro homem estará disposto a tomar o seu lugar. Da mesma forma, se uma guerra reduzir significativamente a população de homens em idade de casar.

O que podemos concluir nesse modelo simples é que o comportamento dos agentes (homens ou mulheres) está condicionado à oferta, assim quanto mais “abundante” um bem menor o seu “preço” e menor será o compromisso em se comprometer com o estabelecido em contrato no momento do matrimônio, ou seja o oportunismo dos agentes se manifestará ex-post a assinatura do contrato e o risco de perda da "amada/amado" será minimizado pela facilidade da troca. 

Entretanto, existem alguns fatores subjetivos de grande relevância que não foram considerados no modelo (1) apresentado e serão incluídos no modelo (2), como: a) não existe preço objetivo pra os cônjuges, como mensurar esse valor? b) a ausência de preço não elimina a escassez de bens (homens e mulheres) c) homens e mulheres “pegadores” tem um preço diferente ou uma atração diferente no mercado? d) como o “tratar bem”, parecer cuidadoso ou atencioso pode gerar vantagens e desvantagens competitivas?

Essas e outras questões estarão em nosso próximo capitulo. Aguardem! 



"Quando te vi passar fiquei paralisado
Tremi até o chão como um terremoto no Japão
Um vento, um tufão
Uma batedeira sem botão
Foi assim viu
Me vi na sua mão"





sexta-feira, 17 de maio de 2013

Devolvam minha BAHIA!


Não vamos falar de futebol no artigo de hoje, até porque pelo andar dos últimos acontecimentos a grande nação tricolor não merece o que está acontecendo, mas parafraseando Nelson Rodrigues: "Toda incompetência será castigada". Vamos falar do estada da BAHIA. Você conhece seu estado? Não falo em dimensões territoriais e geográficas apenas, até porque a Bahia é muito maior que alguns países e tem 417 municípios.  Mas você sabe quais são os indicadores econômicos e sociais do estado? Quais foram às políticas e diretrizes econômicas implementadas nos últimos anos e como isso afetou e tem grande importância sobre o seu dia-a-dia como cidadão baiano?  

Vamos apresentar alguns dados, usando fontes do IBGE, SEI e Universidades;


População:  14 milhões de habitantes
Área Total: 564,273 km²
População: 14 milhões de habitantes
PIB: R$ 154, 34 bilhões (6º colocado)
PIB per capita: R$ 10,642 (19º colocado)
IDH: 0,74 (19º colocado)
Exportação: US$ 11,267 bilhões
Importação: US$ 7,761 bilhões
Eleitores 2012: 10.100.122 milhões (4º colocado)


 Pronto, agora temos os dados básicos para analisar um pouco o nosso amado estado.  Notamos que temos o 6º maior PIB do Brasil, somos a primeira força do nordeste, temos também o 4º maior colégio eleitoral, segundo dados do TSE (2012), entretanto a nossa renda per capita e o índice de desenvolvimento humano estão entre os piores do Brasil e para completar temos 16,60% da população analfabeta.

Entretanto esses dados são estruturais, levam algum tempo para serem modificados, mas devem ser prioritários para qualquer governo. Então a melhor forma de se avaliar um governo é observar a evolução desses dados (melhoras) em combinação com a conjuntura atual. Assim podemos notar que nós últimos anos o estado da Bahia tem deixado muito a desejar em relação aos seus pares do nordeste.

O estado não tem promovido políticas de atração de investimentos ou melhorias no ambiente econômico, os indicadores de segurança pública (4º estado mais violento) e educação/emprego (20 pior produtividade média) têm deixado o setor privado tacanho quando o assunto é economia baiana. Mas como mensurar os erros e equívocos da gestão econômica no estado?

Selecionamos alguns indicadores importantes: a) a taxa de desemprego na Bahia. Que figura entre as maiores do Brasil, atualmente a taxa é de 10,9% da PEA (população economicamente ativa) e a média brasileira é de 5,5%, o estado é o 3º pior para se trabalhar no país e uma das piores em remunerações; b) a taxa de confiança dos empresários na Bahia está no menor nível da sua série histórica 32,4 pontos (03/2013), ou seja, quem realiza investimentos e dar emprego no estado está com medo de investir ou de apostar no seu crescimento; c) elevado risco fiscal do estado em função de desonerações federais.

Todos esses medos e receios sobre a conjuntura no estado já podem ser notados no ultimo boletim da SEI com sucessivas quedas no crescimento da indústria e no varejo com retrações no mês de março de 2013 da ordem de -13% no setor de combustíveis, este é um grande indicador de demanda da economia. Assim desde o primeiro trimestre de 2010 a economia da Bahia vem crescendo a taxas decrescentes e pode está muito perto de estagnar (de 7,5% para 2,7%), assim como ocorreu com o Brasil em 2012, isso para não falar dos indicadores inflacionários. Caso isso ocorra o desemprego sobe, por conseqüência outros problemas sociais emergem com maior magnitude, a arrecadação do estado cai e o pagamento dos servidores (aumentos) fica comprometido o serviço e a maquina do estado tende a desandar mais ainda...

“Você já foi à Bahia nego não?! Então NÃO Vá” – Adaptação da música de Dorival Caymmi  

sábado, 11 de maio de 2013

Erros Cognitivos: o Mercado e a Vida


Deveria ter comprado essa ação?! Comprei, mas o mercado caiu, mas porque não limitei minha perda (stop)?! Ou fiz uma venda e o mercado subiu... (Minhas ações da OGXP3... OMG!). Realmente a sensação de ter feito o que era errado quando o assunto é mercado de ações é muito comum... Mas como entender o erro?




De acordo com os operadores de mercado financeiro profissionais, no mínimo, cinqüenta por cento do trade (operações) tem componente mental-emocional. Pesquisas realizadas sobre o mercado financeiro mostram que manter a disciplina mental adequada e o controle emocional são fundamentais para o sucesso.

O excesso de emoções quando se realizar um trade impede o profissional e/ou amador (mais ainda) de pensar claramente e ver nitidamente. A emoção pode paralisar a ação, mantém uma distancia entre o que se deve fazer e que realmente se quer fazer e pode lhe conduzir a fazer coisas que você realmente não faria em condições normais de temperatura e pressão – Atenção ao Efeito Manada!

Pensamentos positivos ou negativos sobre um evento determinam a resposta emocional ao evento. Pensamentos automáticos (calculados) para tudo que acontece nas finanças pode fazer com que se reduza a ação das emoções sobre os atos. Entretanto os pensamentos automáticos são pouco confiáveis ​​e com base em informações erradas ou erros de mensuração. Erros cognitivos são formas de pensamento com base nessas suposições equivocadas.

Realizando algumas pesquisas sobre finanças comportamentais e os avanços em pesquisa econômica e psicologia, encontrei alguns aspectos importantes dos erros cognitivos mais comuns entres os trader’s (operadores de mercado/investidores).

Obs: Lembrando que não sou psicólogo, apenas um economista bem curioso!

Vamos aos erros:

1. Raciocínio emocional. [Quando alguém assume que as emoções negativas refletem necessariamente a maneira como as coisas realmente são. Por exemplo, um trader declarou: "Minhas emoções e minha ganância de ganhar dinheiro ficou no caminho e distorcida pelo juízo"]

2. Pensamento tudo-ou-nada. [Por exemplo, se o desempenho de um trader está aquém do ideal se vê a si mesmo como um fracasso total.]

3. Generalização. [Por exemplo, se um trader (operador) não faz bem um trade (operação), ele acha que não é bom em qualquer outra coisa ou seja, ações, opções, futuros e etc]

4. Conclusões precipitadas. [Por exemplo, quando um trader não tem tempo para sentar-se calmamente com os gráficos/balanços, a fim de sintonizar e fazer uma abordagem mais apurada, sem uma análise de pormenores.]

5. Filtro mental. [Por exemplo, quando o trader escolhe um único mês negativo da negociação e debruça sobre ele exclusivamente para que o seu / sua visão de toda a realidade se torna escura.] – Cuidado com Maio! "Sell in may and go away"

6. Catastróficos. [Quando o trader prevê que ele vai à falência se continuar a negociação.]

7. Rotulagem e tachar. [Por exemplo, quando atribui rótulo negativo, como: "Eu perdi essa operação, devo ser estúpido". ]

8. Desqualificando o positivo. [Quando o comerciante rejeita negociações positivas anteriormente devido a uma linha recente de operações negativas.]

9. Ampliação ou minimização. [Quando se exagera ou minimiza-se em suas escolhas. ]

10. Pensamentos adaptativos. [Quando um profissional se concentra apenas em operações negativas recentes e aquilo determina o novo padrão dos negócios.]




Estudando essas coisas neurais cheguei na “Amígdala cerebelosa”, e descobrir que a mesma desempenha um papel fundamental no processamento das emoções (medo, ganância, prazer, ansiedade, aversão à perda, depressão, etc) a “Amígdala” é um conjunto de amêndoas em forma de neurônios localizados no lobo temporal do cérebro.

Quando essa região funciona de forma anormal (desequilibrada) o resultado são que os seus neuro-transmissores em função de uma perda de dinheiro ou desprazer, processa o seu prejuízo para o córtex. O córtex controla os pensamentos criativos, tira conclusões e faz previsão... Assim podemos entender porque é muito comum quando se toma um fora de uma garota (insucesso), dificilmente se tenta procurar outra garota na mesma festa, ou seja, o insucesso momentâneo lhe impede de continuar tentando.

Como podemos corrigir erros cognitivos? A resposta é: redirecionando a amígdala. O objetivo da terapia do recondicionamento cognitivo é remover preconceitos ou erros em pensar, assim as operações podem funcionar de forma mais eficaz. O objetivo é redirecionar os pensamentos e mitigar emoções que geram inconstâncias de comportamento diante de adversidades.

Traduzindo da forma que entendi, devemos registrar os acontecimentos, falar o que se sentia no momento da operação, o seu grau de conforto ou desconforto. Claro que não temos tempo durante uma operação de fazer tantas anotações, mas uma sugestão seria um questionário objetivo sobre o “sentimento do ato”: a) Sinto-me confortável nesse trade/ b) Parcialmente confortável/ c) Totalmente instável emocionalmente (mas vale o risco) e assim por diante...

O recondicionamento dos pensamentos não é uma tarefa fácil, não apenas nas operações de mercado, mas na vida, mas pode ser alcançado se as práticas forem cumpridas o que requer uma disciplina mental considerável. Assim fazer avaliações dos pensamentos é o primeiro passo.
  
O processo de recondicionamento é importante, pois ele é capaz de identificar e mitigar erros cognitivos. Isto irá levar a um melhor desempenho tanto das atividades do mercado quanto do comportamento do dia-a-dia. Com esta dicas de auto-reprogramação e recondicionamento os estudiosos garantem que o ganho de auto-confiança e a sensação de auto-merecimento se amplia, assim o êxito em suas atividades pode se tornar mais consistente. 

“Nada como uma nova atitude diante de velhos problemas para se construir respostas insofismáveis”


Referências Bibliográficas:

DURAN, Kelly Marion, VENANCIO, Lauro Ramos & RIBEIRO, Lucas dos Santos. Influência das Emoções na Cognição (2004).

CALLEGARO, Marco Montarroyos (2005) A neurobiologia da terapia do esquema e o processamento inconsciente. Rev. bras.ter. cogn. v.1 n.1 Rio de Janeiro.

SHLEIFER, A. (2000). Inefficient Markets: An Introduction to Behavioural Finance. Oxford, U: Press, Oxford.

SMITH, E. D., Son, Y. J., Piattelli-Palmarini, M. and Bahill, A. T. Ameliorating mental mistakes in tradeoff studies, Systems Engineering (2006).  

KAHNEMAN, D. and TVERSKY, A. (1979). Prospect Theory: An Analysis of Decision Under Risk, Econometrica, 47, 263-291.


sábado, 4 de maio de 2013

A recuperação da economia dos EUA está mais forte do que se pensa


Já faz dois anos e meio desde o fim oficial da crise de 2008 que mais de 13 milhões de pessoas permanecem desempregadas nos EUA, mais de 40% deles por mais de seis meses e quando você adiciona os subempregados (empregos temporários e de não caráter formal e flexível), o número chega a quase 24 milhões.

Segundo dados do conservador e austero Bureau of Labor Statistics: “The unemployment rate, at 7.5 percent, changed little in April but has declined by 0.4 percentage point since January. The number of unemployed persons, at 11.7 million, was also little changed over the month; however, unemployment has decreased by 673,000 since January.”

Em resumo o desemprego na terra do tio Sam retornou aos padrões pré-crise de 2008, o menor nível desde dezembro daquele ano. O gráfico da figura A (abaixo), ficou muito famoso ao comparar o tempo que leva a perda do emprego em recessões recentes e em quanto tempo ele se recupera, retornando aos padrões normais, ou em equilíbrio pré-crise (neste caso, as recessões de 1981, 1990, 2001 e a de 2008 – A grande recessão, termo usado pelo instituto de pesquisa americano). Ele é eficaz em mostrar o quão devastadora foi à perda no mercado de trabalho em padrões históricos.


Quatro anos desde o início da crise do subprime, em dezembro de 2007, o mercado de trabalho ainda tem um déficit muito maior de empregos como em relação aos anos de pré-crise do que em qualquer outro momento, mesmo durante a profunda recessão do início da década de 1980.

No outro plano temos a figura B (abaixo) que compara o comportamento pós-recessão, até o seu final. Uma coisa interessante que acontece quando o valor é re-orientado para comparar o crescimento do emprego a partir de recuperação em vez de no início da recessão. Ao contrário da comparação recessão permite uma comparação entre o desempenho da economia na fase de recuperação após cada recessão, servindo como um direcionador de expectativas.


Olhando para a esquerda da linha pontilhada, vê-se que o emprego caiu muito mais longe e mais rápido durante a crise de 2008 que em recessões anteriores. Mas olhando para a direita da linha pontilhada, torna-se claro que o crescimento do emprego não é muito mais fraco que na recuperação atual: ele só fica um pouco atrás do crescimento do emprego após a recessão de 1990 e é realmente mais rápido do que a recuperação após a recessão de 2001 (e note que é ainda mais forte quando se considera o único trabalho do setor privado). 

A figura B destaca que a principal diferença entre essa recuperação e os dois últimos é a sua duração e a gravidade da recessão. Estes resultados rejeitar reivindicações populares que a criação de empregos está sendo retidos pela nova regulamentação ou de incerteza por parte das empresas sobre a política fiscal ou a reforma do seguro de saúde. Se isso fosse verdade seria de esperar para ver o crescimento muito mais lento.

O problema-chave na economia atual está na depressão da demanda por bens e serviços, que se traduz em demanda reprimida para os trabalhadores e das expectativas dos empresários (vem se recuperando). O Mercado de trabalho dos EUA permanece extremamente fraco, mas vem apresentando variações muito positivas em relação ao estado anterior (n-1). Mesmo a taxa de crescimento do emprego em dezembro de 200 mil novos posto, que foi amplamente aplaudido pelos democratas, entretanto teria que se  esperar até 2019 para voltar para o “pleno emprego” da mão-de-obra. Políticas agressivas para criar postos de trabalho deve ser a prioridade dos próximos anos do governo Obama, o que vai beneficiar por efeito transmissão o Brasil, a Europa principalmente e o resto do mundo!