sábado, 6 de abril de 2013

O novo Barão de Mauá


Imagine ir dormir e acordar descobrindo que você perdeu R$ 470 milhões de reais do seu patrimônio (valor dos ativos).  Agora vamos relembrar que em março de 2012, praticamente um ano atrás você figurava na lista dos 10 homens mais ricos do mundo, com um patrimônio de US$ 30 bilhões de dólares (R$ 60 bilhões de reais), uma boa grana! Mas vamos entender melhor essa história...

Acreditar no Brasil, confiar em suas possibilidades, apostar em negócios que estão diretamente ligados ao crescimento nacional e internacional de países emergentes é uma grande oportunidade nos dias de hoje e no início dos anos 2000 era melhor ainda. O empresário brasileiro Eike Batista decidiu surfar nessa onda, mas parece não ter tido a eficiência e o real compromisso com seus investidores.

Eike é um empresário hábil, isso não se pode negar, aos 23 anos (em 1980) já tinha feito seus primeiros milhões, na verdade (US$ 6 milhões de dólares) explorando minas de ouro na Amazônia e daí então não parou mais, percebeu a importância das commodities no jogo da riqueza internacional.

Anos mais tarde, se aproveitando do bom momento da economia nacional e principalmente da imagem do Brasil no exterior (era Lula), Eike montou uma estratégia ambiciosa; criar um grupo de empresas que se interliguem e sustentem suas atividades, criando um “mega-complexo” fundamentado em commodities e infra-estrutura. Surgiram então à petrolífera (OGX) a mineradora (MMX) e também empresas no setor de energia (MPX), logística (LLX), carvão (CCX) e um estaleiro de navios (OSX), isso para não falar dos outros negócios como hotéis, entretenimentos e etc.   

Entretanto muito pouco dessas empresas opera de fato, a maioria está em fase pré-operacional, ou seja, não estão gerando caixa, apenas usando os recursos captados por terceiros (bancos e investidores) e ainda realizando investimentos.  E como ele chegou ao topo? Como se tornou o homem mais rico do Brasil e um dos mais ricos do mundo? A resposta é simples: A BOLSA DE VALORES! Por meio de abertura de capital de suas empresas e uma reputação construída internacionalmente, Eike captou muito dinheiro e multiplicou e muito o valor de mercado de suas empresas.

Atualmente com a crise dos mercados internacionais e a elevada volatilidade do preço de boa parte das commodities desde 2008, a deterioração da imagem do Brasil (era Dilma) em função de riscos inflacionários e elevada intervenção estatal e a não entrega dos resultados prometidos pelo grupo X, tem levado a uma queda abrupta do valor das ações do empresário e conseqüentemente a redução de sua riqueza (ativos mobiliários). 

Sua visão de “integrar projetos” e ser “auto-suficiente” está de acordo com o mercado, destruindo seu mega-projeto, pois quando um negócio acaba não indo bem a cadeia inteira acaba sendo contaminada e isso é justamente o que está ocorrendo com o grupo EBX, estamos vendo o efeito multiplicador em direção negativa. Ou seja, o efeito “sistêmico integrado” sobre o grupo tem sido bastante punitivo.

Atualmente a fortuna do empresário está avaliada em R$ 11,4 bilhões de reais, uma queda de -81% em relação a março/2012. Para se ter uma noção da situação, as ações da OGX chegaram a custar na BM&FBovespa em 10/2010 R$ 23,00 e ontem (05/04/2013) fechou no valor de R$ 1,71, uma queda de -92,57%.

Vejo tudo isso como um “sinal” dos novos tempos da economia nacional, claro que o Eike pode ser apenas uma figura representativa, assim como foi Irineu Evangelista, o Barão de Mauá na época do império (ele era amigo do imperador, depois se tornou inimigo), mas acredito que estamos chegando ao final de um ciclo de encantamento do olhar dos investidores estrangeiros com o Brasil, não creio que teremos uma crise grave no curto-médio prazo, mas acho que o Brasil (principalmente o governo) tem que mudar de postura e tomar um “choque” de capitalismo (liberalismo econômico) já! 


“...Para garantir-se, fez também outra exigência: em caso de vitória, as dívidas seriam reconhecidas pelo Tesouro do país, e teriam  como garantia as rendas da Alfândega...”

Trecho Livro: MAUA, EMPRESARIO DO IMPERIO - Jorge Caldeira - Companhia das Letras - ISBN:9788571644366 - Literatura e Ficção - Biografias e Memórias.


3 comentários:

  1. exelente texto e que serve para quem quer adentrar no investimento de risco. é preciso ter muita cautela e pesquisa para escolher qual pepel comprar na bolsa... valeu thobias , não esqueça de avisar do próximo texto. anderson.

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