Quando
geralmente sou perguntado por clientes, jornalistas, alunos ou colegas se a
elevação da taxa de juros (SELIC) é uma medida correta para conter a atual
escalada inflacionário no Brasil eu geralmente respondo: - Sim, mas é um
remédio amargo e com efeitos colaterais nocivos.
Tentarei
me fazer entender. Elevar juros é a recomendação básica em qualquer livro-texto
de macroeconomia para se conter o consumo e o crescimento econômico que gera
pressão inflacionária, ao elevar a taxa de juros se tem o famoso efeito ex-post de contração de demanda (política monetária contracionista) e
assim a inflação “tende” a convergir para dentro da meta.
Agora vamos tentar responder o
problema pela causa e não pela conseqüência: Seria possível reduzir a inflação
sem usar a recomendação do livro-texto? A resposta é: Sim, mas em partes.
Não podemos negar a importância da política monetária para o controle da
inflação, entretanto na realidade brasileira grande parte da nossa inflação é
gerada pela ineficiência da gestão dos gastos públicos, ou seja, a política fiscal do
ministério da fazenda produz inflação.
Não vou aqui usar o espaço
para colocar artigos acadêmicos ou modelos econometricos e matemáticos que
justifiquem o peso do gasto público na inflação, apenas vou fazer a citação de
um trabalho que acho fundamental para todo o estudante da área ou curioso no assunto que
é o artigo “An Exploration of Optimal Stabilization
Policy” do professor de Harvard Gregory Mankiw, mas tentarei usar um exemplo simples de como o gasto fiscal é
relevante na inflação.
Para simplificar o entendimento: Imagine uma economia que arrecada
R$ 1.000 por ano e tem um custo anual de R$ 1.500, assim para fechar as suas
contas a mesma passa a emitir títulos (se endividar) no valor de R$ 500 a um custo de 10%a.a.
Logo, todo o ano é gerado um déficit por conta dos juros dos títulos que se
acumulam nos anos anteriores de suas emissões, ao mesmo tempo o volume de
gastos passa a evoluir em magnitude maior que o montante arrecadado, assim os
seus gestores devem emitir mais títulos e gerar conseqüentemente mais déficits. Admitindo uma gestão monetária eficiente, ou seja, que não gere desequilíbrios
o lado fiscal seria responsável pela distorção e desequilíbrio dessa
economia.
Isso é o Brasil de hoje!
O desequilíbrio causado pelo lado
fiscal da economia brasileira impede que o Bacen possa entregar suas metas de
forma mais eficiente e dificulta que parte do componente da inflação nacional se
enquadre. Para complementar a situação, o desconforto com o câmbio produz
efeitos punitivos contra o nível de preços, não por um problema apenas de desvalorização, mas
de competitividade e produtividade conforme comentamos no artigo da semana
passada.
Assim o recomendado é que o Banco
Central continue promovendo o seu aperto monetário de forma vigilante, mas que o
Ministério da Fazenda passe a atuar de forma mais solidária e prudente com os seus gastos ou a gestão de política
econômica no Brasil será como “enxugar gelo”, mas que nó fim sempre irá
derreter...
O título
acima é de uma famosa música que fala sobre estrada, caminho, chegada e percurso. Quando
pensava no que escrever para o artigo dessa semana, pensei nele: O dólar! Mas
porque a taxa de câmbio no Brasil anda tão volátil e porque a moeda está se
desvalorizando com tamanha velocidade? Na
minha humilde avaliação, existem três pontos básicos.
a) O grau de confiança na economia brasileira vem
diminuindo, a saída de capitais e a desaceleração e até alguns cancelamentos de
investimentos no país, vem mudando a percepção do investidor estrangeiro,
assim, para sair de seus investimentos em carteira no Brasil o mesmo vende seus
ativos locais em troca reais por dólares para repatriar ou realocar seus
recursos, o que pela lei da oferta e da procura valoriza a taxa de câmbio.
b) A gestão econômica brasileira é “Desenvolvimentista”
essa corrente ligada aos professores de economia da Unicamp, pensam que a indústria
brasileira deve ser protegida da concorrência Chinesa e para isso devemos criar
impostos contra os mesmos, dar crédito a "taxas de governo" a indústria nacional e
desvalorizar a moeda (Real) para que os nossos produtos se tornem competitivos,
mesmo não sendo os mais eficientes.
c) FED: O banco central norte americano é quem dará o real tom da taxa de câmbio no Brasil, se os estímulos forem gradativamente retirados e ocorrer uma elevação da sua taxa de juros o jogo muda e nem o BC brasileiro será capaz de conter o nervosismo nos mercado pelo menos no curto prazo. Assim esse é o principal “driver” para a câmbio e outras variáveis de investimentos no ano, assim resta apenas esperar porque a “Estrada é longa e sinuosa” como diz a canção dos Beatles.
Agora,
que falei das prováveis causas, vamos para algumas as conseqüências:
1)Inflação: A
taxa de câmbio mais elevada, em uma país com elevada dependência externa em sua
matriz produtiva leva ao aumento da inflação, como a nossa “industria nacional”
é bastante ineficiente em comparação com os padrões internacionais, a sociedade
local paga o custo dos produtos “subsidiados” pelo câmbio e pela falta de competitividade
da industria nacional.
2)Ineficiência:
Com a manada de subsídios concedidos pelo governo, via desonerações fiscais ou
mesmo via ajuda do “papai BNDES” o produto genuinamente brasileiro é mais caro
que o produto importando, não porque é pior (geralmente sim), mas sim porque
não atende aos padrões internacionais e é ineficiente do ponto de vista
produtivo, o que gera a clássica perda de bem-estar da sociedade pela ineficiência
de produção e comercio internacional, pois o Brasil que hoje tem o presidente
da OMC tem uma das menores taxas de comercio do mundo.
3)Petrobrás e Balança
Comercial: Mas nem tudo é ruim com a desvalorização do real, as exportações dos
produtos ineficientes são marginalmente beneficiadas, já os eficientes
funcionam bem em “quase qualquer” regime de câmbio, como por exemplo, o agronegócio.
Mas a balança comercial tem sido punida com o “déficit” gerado pela Petro por importar petróleo refinado em diferença a exportação do petróleo bruto
de baixo valor agregado, ou seja, vendemos por 100 e recompramos por 200, logo
a conta não vai fechar e o resultado do saldo comercial nacional é o pior da
história, um déficit de US$ 4,98 bilhões no ano de 2013.
4)Reservas: Provável
queda das reservas comerciais, geradas pela queda do saldo comercial e gastos
do BACEN na tentativa de “lutar” contra o mercado para conter a taxa de câmbio, e apenas lembrando o problema
não é a taxa de câmbio, mas a falta eficiência produtiva brasileira.
5)Mercado
Futuro e Dividas: A elevada volatilidade causada nas últimas semanas por sinais
confusos da dupla Fazenda e BACEN, acertando apenas na sexta-feira (23/08), vai criará problemas
nos balanços das empresas nacionais que tem elevada exposição em divida
estrangeira contratadas a taxas muito baixas nos seus mercados de origem, mas
isso vai mudar em breve...
Não
vou me delongar sobre esses fatos e fazer previsões sobre a taxa de câmbio (já
tinha falado em fevereiro desse ano que ela iria a R$ 2,50), mas o que mais
gostaria de dizer é que estamos do lado do Brasil, independente de A ou B, o
mais importante é manter as conquistas atuais do país com equilíbrio fiscal e estabilidade
monetária, afinal esses são valores econômicos inalienáveis.
Confesso que nunca fui um
simpatizante de empresas de marketing multinível (MMN), pois sempre achei o
modelo de negócio “incompleto” reservada a minha humilde capacidade mental,
nunca se fechou pra mim o sistema total da engrenagem para que o mesmo se
consolidasse como sustentável, mas enfim...
O MMN é considerado um “sucesso”
nos EUA, entretanto não posso falar no modelo norte americano, pois não conheço
suas regras e regulação, apenas que é similar ao modelo brasileiro.
Assim, nós últimos anos no Brasil
muitas empresas dizendo adotar o modelo de negócio (MMN) nasceram e morreram
com muita velocidade dentro do sistema econômico, muitas causando perdas irreparáveis
aos seus investidores, não apenas financeiras como em muitos casos psicológicas.
Lembro muito bem no início do ano
de 2012 quando ministrava uma aula na pós-graduação e uma aluna me perguntava
sobre o que achava da “Mister Colibri”? Não tinha conhecimento sobre a empresa,
mas a mesma já contava com muitas adesões e tinha como objetivo fazer o seu
investidor “assistir” vídeos publicitários e assim gerar ganhos para o mesmo.
Lembro que a primeira pergunta que fiz foi, mas como o anunciante gera valor
com isso? Pois estou assistindo algo por imposição, como isso se transformará
em consumo ex-post? Lembro também que
perguntei quais as grandes empresas estavam anunciando... E outras questões sem
resposta da mesma.
Posteriormente fui realizar
algumas pesquisas para saber a origem e a procedência dessa empresa. Verifiquei
que os seus donos estavam envolvidos com problemas jurídicos na Índia, Tailândia
e EUA, bem como não existia registro algum na bolsa de Londres ou órgãos de
comercio conforme os mesmos justificavam no site. Achei aquilo tudo muito
estranho e com pouca veracidade, além disso, a imagem do site era PÉSSIMA para
uma empresa que dizia vender publicidade.
Hoje estamos em agosto de 2013,
pouco mais de um ano do ocorrido e surgiram a: TELEXFREE, BBOM, PRIPLES e
outras, prometendo ganhos rápidos e trabalho fácil... E como bem me lembro da “Colibri”,
a mesma passou em sua fase falimentar a “transferir” o seu dinheiro em moeda própria
(paralela), como a demanda pela mesma e venda/troca de pontos era muito grande
a cotação de sua moeda perdeu muito valor e créditos de R$ 1,00 passaram a
valer centavos em poucos dias... Triste fim.
Assim, a grande mensagem que
gostaria de deixar é que ao realizar seus investimentos, procure saber sobre o órgão
regulador daquele mercado, sobre os registros e modelo de negócio da empresa
tem sustentação, sobre os balanços da empresa, questione os outros
investidores, procure o máximo de informações, pois não basta exibir alguns
apresentadores/atores de televisão ou carros e mulheres bonitas e achar que
isso é confiável.
O dia 16 de setembro de 1992 entrou para
história das finanças internacionais como a "quarta-feira negra",
nesse dia o governo conservador britânico foi forçado a retirar a libra
esterlina do Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio (MTC) depois que eles foram
incapazes de mantê-lo acima de seu limite inferior acordado, uma espécie de
tentativa de estabilidade cambial entre os países (bandas cambiais), tendo como
referencia o Marco alemão.
Desde o início da década de 1990, altas taxas
de juros estabelecidos pelo Bundesbank (Alemanha) para neutralizar os efeitos
inflacionários relacionados ao excesso de despesas sobre a reunificação alemã,
causou um estresse significativo em todo o território do MTC. O Reino Unido e a
Itália tiveram dificuldades adicionais com seus déficits duplos, enquanto o
Reino Unido também foi ferido pela rápida desvalorização do dólar - a moeda em
que muitas exportações britânicas foram precificados - naquele verão.
Se aproveitando de tal instabilidade e inoperância
na coordenação do MTC pelos europeus uma figura ganhou status de mito no
mercado financeiro mundial se aproveitando do momento conturbado, o seu nome é: George
Soros! O especulador fez em apenas um dia uma operação que lhe rendeu mais de US$ 1
bilhão de dólares (convertendo os ganhos em libra), simplesmente apostando
contra a moeda inglesa e "quebrando o Banco Central da Inglaterra".
Mas quem é Soros? E como foi realizada essa operação?
Soros é húngaro nasceu em
Budapeste no dia 12 de agosto de 1930. Fugindo dos campos de concentração nazista
aos 14 anos para se refugiar na Inglaterra, aos 17 foi estudar economia e
filosofia na prestigiada London School of Economics. Foi aluno do grande
filósofo Karl Popper, uma experiência que mudaria profundamente sua vida e o
auxiliaria no desenvolvimento da Teoria da Reflexividade, que deu base ao seu
sucesso nos mercados.
Em 1956, Soros se mudou para Nova York, onde
ele trabalhou comotraderde arbitragem para FM Mayer
(1956-1959) e como analista de Wertheim & Co. (1959-1963). Durante este
período, Soros desenvolveu a teoria da reflexão baseada nas idéias de Karl
Popper. Reflexividade postulou que a valorização de qualquer mercado produz um
pró-cíclico círculo "virtuoso ou vicioso" que afeta ainda mais o
mercado.
Em 1967, a First Eagle Funds criou uma
oportunidade para Soros operar um fundo de investimento estrangeiro, bem como o
fundo dehedgeDouble Eagle, em 1969. Em 1973,
devido a restrições regulatórias que limitam a sua capacidade de operar os
fundos, Soros renunciou ao seu primeiro cargo de gestor. Ele, então, criou o
Fundo Quantum em parceria com Jim Rogers, com a esperança de ganhar $ 500,000
depois de cinco anos para apoiar suas ambições como um escritor e
filósofo. Assim Soros fundou Soros Fund Management e tornou-se presidente.
Ao longo dos anos o fundo Quantum gerou um
retorno médio anual de 20% para seus investidores e fechou suas atividades para
o público externo em 2011, devolvendo o dinheiro dos investidores e ficando
apenas com a administração dos recursos da família Soros.
E
como ganhou US$ 1 bilhão?
O primeiro
ministro Jonh Major elevou as taxas de juros para 10% e autorizou o gasto de
bilhões em reservas de moeda estrangeira para comprar a Libra que vinha sendo
freneticamente "vendida" nos mercados de divisas (por Soros), mas as medidas não
conseguiu impedir a cotação da Libra de cair abaixo do seu nível mínimo no MTC (com referência
no Marco alemão).
Soros debatendo no Fórum
Econômico Mundial
O
Tesouro tomou a decisão de defender a posição da Libra, acreditando que a sua desvalorização iria promover a inflação. Em 16 de setembro, o governo britânico anunciou um
aumento na taxa básica de juros a partir de uma já elevada de 10% para 12%, a fim de seduzir os especuladores a comprarem Libras. Apesar disso e de
uma promessa mais tarde no mesmo dia para aumentar as taxas (Libor) novamente
para 15%, os mercados continuaram vendidos, convencidos de que o governo não
iria cumprir com a sua promessa.
Às
7:00 da noite, Norman Lamont, então Chanceler do Governo, anunciou a Grã-Bretanha
iria deixar a MTC e as taxas permaneceria no novo nível de 12% (no entanto, no
próximo dia taxa de juros estava de volta em 10%). Mais tarde foi revelado que
a decisão de retirar tinha sido acordado em uma reunião de emergência durante o
dia entre Norman e o primeiro-ministro Major e que o aumento da taxa de
juros para 15% só tinha sido uma medida "temporária" para evitar uma derrocada da Libra
naquela tarde.
Assim
o fundo de Soros vendeu pouco mais de £ 10 bilhões de libras (alavancado) lucrando
com a relutância do governo do Reino Unido, em elevar suas taxas de juro para
níveis comparáveis aos de outros países do mecanismo cambial europeu ou flutuar
sua moeda. Assim o mesmo apostou na queda da cotação da moeda, que ocorreu.
Finalmente,
o Banco Central do Reino Unido retirou do Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio, forçando a
desvalorização da Libra, assim Soros ganhou cerca de US$ 1,1 bilhão. Anos depois, em 1997, o
Tesouro britânico estimou que o custo da quarta-feira negra em £ 3,4 bilhões.
Dias
depois o Soros afirmou que sua posição vendedora seria de US$ 15 bilhão, 50% a
mais do que realmente foi operado, o que teria gerado um lucro ainda maior na
operação e um maior custo para o Reino Unido.
Soros
ainda repetiria o feito na crise financeira asiática em 1997 e falou sobre a estratégia
do fundo:
“Até
o início de 1997, ficou claro para Soros
Fund Management, que a discrepância entre a balança comercial e da conta de
capital estava se tornando insustentável. Vendemos o baht tailandês (moeda do
país), com vencimentos que variam de seis meses a um ano. (Isto é, nós firmamos
contratos para entregar em datas futuras. Posteriormente primeiro-ministro da
Malásia Mahathir me acusa de causar a crise, uma acusação totalmente infundada.
Nós não éramos os vendedores da moeda durante ou vários meses antes da crise,
pelo contrário, fomos compradores, quando as moedas começaram a cair -
estávamos comprando para realizar os lucros da nossa especulação anterior.
(Muito cedo, como se viu. Deixamos a maior parte do ganho potencial em cima da
mesa, porque estávamos com medo de que Mahathir iria impor controles de
capital. Ele fez isso, mas muito mais tarde.”
____
Mas
Soros não apenas ganhou dinheiro, teve perdas grandes com operações
especulativas com Iene’s no Japão e ainda uma participação acionária no falido Lehman
Brothers. Mas o mesmo foi capaz de se antecipar a crises e fazer fortuna ao
longo dos anos, ganhando mais do que perdendo em suas operações.
Hoje,
prefere falar mais de política e idéias do que sobre dinheiro. Com 12 livros
publicados, se diz um filósofo fracassado e tem grande atividades de
filantropia onde promove a democracia e a sociedade aberta.O mesmo acredita que
essa seja sua grande contribuição para o mundo, e não sua atuação nas finanças.
Em 2012 a Revista Forbes classificou
Soros como a 22° pessoa mais rica do mundo, com 20 bilhões de dólares.
____
Entrevista do especulador ao Roda Vida - TV Cultura
Alguns conselhos famosos do George Soros:
§Não há nada de errado em correr riscos, desde que
não se arrisques tudo.
§Primeiro sobreviva, deixe para ganhar dinheiro
depois.
§A sobrevivência no mercado financeiro as vezes
implica em bater rapidamente em retirada.
§Meu sucesso financeiro forma um contraste absurdo
com minha capacidade de prever os acontecimentos.
§Para se obter sucesso, precisamos de momentos de
ócio. Você precisa de muito tempo sobrando nas mãos.
§Onde realmente acho que me supero é em reconhecer
meus erros. Esse é o segredo do meu sucesso.
Essa semana o maior investidor do
mundo, senhor Warren Buffett anunciou o lucro anual de US$ 4,5 bilhões para os
seus acionistas, um aumento de 46% em relação ao ano anterior, sua empresa de
investimentos a Berkshire
Hathaway tem aplicações em vários segmentos de mercado,
esse ano 77,63% da receita da empresa veio do setor de seguros e resseguros
(mercado bastante maduro nos EUA) e para os que acham que a empresa de Buffett não opera derivativos, US$ 622 milhões do seu lucro operacional vieram de
operações dessa modalidade.
Mas o objetivo do post de hoje é falar
em longo-prazo e nada como Warren Buffett para começar a conversar. O investidor
conhecido como “Oráculo de Omaha” é reverenciado no mercado por sua famosa estratégia
“buy and hold” em tradução livre, “compre e guarde”, ou seja, comprar o papel
(a empresa) e esperar para que os mercados passem a responder pelos seus
fundamentos e não pelo jogo da especulação que pode distorcer o preço dos ativos.
E a grande pergunta que fazemos é; Como
escolher os ativos de forma fundamentalista? Quais os seus principais
indicadores? E isso realmente funciona em termos práticos? Para responder essas
perguntas, vamos iniciar com alguns exemplos, do final.
Atualmente existem dois grandes
investidores de destaque no Brasil que adotam a filosofia do Buffett, são eles:
a) Lírio Parisotto, ex-agricultor,
ex-funcionário do Banco do Brasil e ex-pobre como ele mesmo gosta de dizer que
ficou muito rico, na verdade bilionário comprando ações de empresas com bons
fundamentos e hoje usufrui de uma bela carteira de dividendos. Na lista da Forbes
de 2013 o investidor de 59 anos aparece como o 26º no ranking nacional com um patrimônio
de US$ 2,4 bilhões de dólares, aproximadamente R$ 5,5 bilhões de reais.
b) Luiz Barsi, filho de imigrantes espanhóis,
o investidor de 74 anos possui um patrimônio mais modesto que o do Parisotto,
mas é o maior aplicador pessoa física do banco do Brasil e possui atualmente
uma fortuna estimada R$ 1,5 bilhão de reais, se utilizando da mesma estratégia,
comprar papeis com fundamento e por bons preços.
Assim, o objetivo desse post é mostrar
como, ou pelo menos, algumas ferramentas de como fazer isso. Essa tem sido uma
busca pessoal minha e encontrei alguns indicadores que já são comungados por
Parisotto e Barsi entre outros investidores, mas antes de falar nesses
indicadores, o principal deles é a DISCIPLINA! Sem ela você não irá para lugar
nenhum.
Então vamos para algumas recomendações que
tenho usado na minha carteira e para alguns clientes:
1-Boas Margens Bruta/Liquida; medido
pela relação entre o lucro liquido e o faturamento. Assim buscamos empresas que
apresentem uma margem liquida acima de 30% em seus negócios.
2-Baixo P/VPA. Empresas que operem com a relação
Preço/ Valor Patrimonial abaixo de 3,5 e maior que 0,5. O objetivo desse
indicador é comprar a empresa o mais próximo possível do seu valor justo,
avaliando o seu histórico de cotação em bolsa, quanto mais barato melhor.
3-Baixo endividamento; estamos
avaliando também a divida bruta em relação ao PL (patrimônio liquido), pois
empresa s que tem pouca divida em momentos de dificuldades macroeconômicas
(previsão para os próximos meses), além de ter caixa ,podem além de se
endividar com mais facilidade para comprar concorrentes em dificuldade ou ainda
ampliar mercados com melhores/menores custos.
4-Os Dividendos; algumas
das ações sugeridas não tem um elevado dividend
yield (relação entre o preço da ação e o que a mesma paga de dividendo;
exemplo DY = 1,4%, se a ação custa R$ 24,39 a empresa paga R$ 0,34% por ação.
Esse seria o ponto menos forte de nossa analise.
5- O Lucro.
Compramos apenas empresas que dão lucro. Nada de empresas em fase
pré-operacional (exemplo Grupo EBX), pois como diz um grande investidor
“empresa que dá lucro não quebra”.
Claro que esses são apenas alguns pontos
da analise fundamentalista e que pode ser muito bem combinada com uma analise
grafista de períodos mais longos para poderem realizar uma bela combinação em
beneficio do investidor e assim obter as vantagens do longo prazo. Entretanto
para os que não gostam dessa abordagem, podemos evocar o grande Keynes “no longo prazo
estaremos todos mortos”, mas o economista inglês foi um grande investidor e
especulador!