sábado, 31 de agosto de 2013

O Brasil dos contrários

Quando geralmente sou perguntado por clientes, jornalistas, alunos ou colegas se a elevação da taxa de juros (SELIC) é uma medida correta para conter a atual escalada inflacionário no Brasil eu geralmente respondo: - Sim, mas é um remédio amargo e com efeitos colaterais nocivos.



Tentarei me fazer entender. Elevar juros é a recomendação básica em qualquer livro-texto de macroeconomia para se conter o consumo e o crescimento econômico que gera pressão inflacionária, ao elevar a taxa de juros se tem o famoso efeito ex-post de contração de demanda (política monetária contracionista) e assim a inflação “tende” a convergir para dentro da meta.

Agora vamos tentar responder o problema pela causa e não pela conseqüência: Seria possível reduzir a inflação sem usar a recomendação do livro-texto? A resposta é: Sim, mas em partes. Não podemos negar a importância da política monetária para o controle da inflação, entretanto na realidade brasileira grande parte da nossa inflação é gerada pela ineficiência da gestão dos gastos públicos, ou seja, a política fiscal do ministério da fazenda produz inflação.

Não vou aqui usar o espaço para colocar artigos acadêmicos ou modelos econometricos e matemáticos que justifiquem o peso do gasto público na inflação, apenas vou fazer a citação de um trabalho que acho fundamental para todo o estudante da área ou curioso no assunto que é o artigo “An Exploration of Optimal Stabilization Policy” do professor de Harvard Gregory Mankiw, mas tentarei usar um exemplo simples de como o gasto fiscal é relevante na inflação.

Para simplificar o entendimento: Imagine uma economia que arrecada R$ 1.000 por ano e tem um custo anual de R$ 1.500, assim para fechar as suas contas a mesma passa a emitir títulos (se endividar) no valor de R$ 500 a um custo de 10%a.a. Logo, todo o ano é gerado um déficit por conta dos juros dos títulos que se acumulam nos anos anteriores de suas emissões, ao mesmo tempo o volume de gastos passa a evoluir em magnitude maior que o montante arrecadado, assim os seus gestores devem emitir mais títulos e gerar conseqüentemente mais déficits. Admitindo uma gestão monetária eficiente, ou seja, que não gere desequilíbrios o lado fiscal seria responsável pela distorção e desequilíbrio dessa economia. 

Isso é o Brasil de hoje!

O desequilíbrio causado pelo lado fiscal da economia brasileira impede que o Bacen possa entregar suas metas de forma mais eficiente e dificulta que parte do componente da inflação nacional se enquadre. Para complementar a situação, o desconforto com o câmbio produz efeitos punitivos contra o nível de preços, não por um problema apenas de desvalorização, mas de competitividade e produtividade conforme comentamos no artigo da semana passada.

Assim o recomendado é que o Banco Central continue promovendo o seu aperto monetário de forma vigilante, mas que o Ministério da Fazenda passe a atuar de forma mais solidária e prudente com os seus gastos ou a gestão de política econômica no Brasil será como “enxugar gelo”, mas que nó fim sempre irá derreter...

domingo, 25 de agosto de 2013

The Long And Winding Road – A taxa de câmbio no Brasil

O título acima é de uma famosa música que fala sobre estrada, caminho, chegada e percurso. Quando pensava no que escrever para o artigo dessa semana, pensei nele: O dólar! Mas porque a taxa de câmbio no Brasil anda tão volátil e porque a moeda está se desvalorizando com tamanha velocidade?  Na minha humilde avaliação, existem três pontos básicos.


a) O grau de confiança na economia brasileira vem diminuindo, a saída de capitais e a desaceleração e até alguns cancelamentos de investimentos no país, vem mudando a percepção do investidor estrangeiro, assim, para sair de seus investimentos em carteira no Brasil o mesmo vende seus ativos locais em troca reais por dólares para repatriar ou realocar seus recursos, o que pela lei da oferta e da procura valoriza a taxa de câmbio.

b) A gestão econômica brasileira é “Desenvolvimentista” essa corrente ligada aos professores de economia da Unicamp, pensam que a indústria brasileira deve ser protegida da concorrência Chinesa e para isso devemos criar impostos contra os mesmos, dar crédito a "taxas de governo" a indústria nacional e desvalorizar a moeda (Real) para que os nossos produtos se tornem competitivos, mesmo não sendo os mais eficientes.

c) FED: O banco central norte americano é quem dará o real tom da taxa de câmbio no Brasil, se os estímulos forem gradativamente retirados e ocorrer uma elevação da sua taxa de juros o jogo muda e nem o BC brasileiro será capaz de conter o nervosismo nos mercado pelo menos no curto prazo. Assim esse é o principal “driver” para a câmbio e outras variáveis de investimentos no ano, assim resta apenas esperar porque a “Estrada é longa e sinuosa” como diz a canção dos Beatles.

Agora, que falei das prováveis causas, vamos para algumas as conseqüências:

1)      Inflação: A taxa de câmbio mais elevada, em uma país com elevada dependência externa em sua matriz produtiva leva ao aumento da inflação, como a nossa “industria nacional” é bastante ineficiente em comparação com os padrões internacionais, a sociedade local paga o custo dos produtos “subsidiados” pelo câmbio e pela falta de competitividade da industria nacional.

2)      Ineficiência: Com a manada de subsídios concedidos pelo governo, via desonerações fiscais ou mesmo via ajuda do “papai BNDES” o produto genuinamente brasileiro é mais caro que o produto importando, não porque é pior (geralmente sim), mas sim porque não atende aos padrões internacionais e é ineficiente do ponto de vista produtivo, o que gera a clássica perda de bem-estar da sociedade pela ineficiência de produção e comercio internacional, pois o Brasil que hoje tem o presidente da OMC tem uma das menores taxas de comercio do mundo.

3)   Petrobrás e Balança Comercial: Mas nem tudo é ruim com a desvalorização do real, as exportações dos produtos ineficientes são marginalmente beneficiadas, já os eficientes funcionam bem em “quase qualquer” regime de câmbio, como por exemplo, o agronegócio. Mas a balança comercial tem sido punida com o “déficit” gerado pela Petro por importar petróleo refinado em diferença a exportação do petróleo bruto de baixo valor agregado, ou seja, vendemos por 100 e recompramos por 200, logo a conta não vai fechar e o resultado do saldo comercial nacional é o pior da história, um déficit de US$ 4,98 bilhões no ano de 2013.

4)    Reservas: Provável queda das reservas comerciais, geradas pela queda do saldo comercial e gastos do BACEN na tentativa de “lutar” contra o mercado para conter a taxa de câmbio, e apenas lembrando o problema não é a taxa de câmbio, mas a falta eficiência produtiva brasileira.

5)   Mercado Futuro e Dividas: A elevada volatilidade causada nas últimas semanas por sinais confusos da dupla Fazenda e BACEN, acertando apenas na sexta-feira (23/08), vai criará problemas nos balanços das empresas nacionais que tem elevada exposição em divida estrangeira contratadas a taxas muito baixas nos seus mercados de origem, mas isso vai mudar em breve...

Não vou me delongar sobre esses fatos e fazer previsões sobre a taxa de câmbio (já tinha falado em fevereiro desse ano que ela iria a R$ 2,50), mas o que mais gostaria de dizer é que estamos do lado do Brasil, independente de A ou B, o mais importante é manter as conquistas atuais do país com equilíbrio fiscal e estabilidade monetária, afinal esses são valores econômicos inalienáveis.




sábado, 17 de agosto de 2013

O Marketing multinível por ele mesmo



Confesso que nunca fui um simpatizante de empresas de marketing multinível (MMN), pois sempre achei o modelo de negócio “incompleto” reservada a minha humilde capacidade mental, nunca se fechou pra mim o sistema total da engrenagem para que o mesmo se consolidasse como sustentável, mas enfim...

O MMN é considerado um “sucesso” nos EUA, entretanto não posso falar no modelo norte americano, pois não conheço suas regras e regulação, apenas que é similar ao modelo brasileiro.

Assim, nós últimos anos no Brasil muitas empresas dizendo adotar o modelo de negócio (MMN) nasceram e morreram com muita velocidade dentro do sistema econômico, muitas causando perdas irreparáveis aos seus investidores, não apenas financeiras como em muitos casos psicológicas.

Lembro muito bem no início do ano de 2012 quando ministrava uma aula na pós-graduação e uma aluna me perguntava sobre o que achava da “Mister Colibri”? Não tinha conhecimento sobre a empresa, mas a mesma já contava com muitas adesões e tinha como objetivo fazer o seu investidor “assistir” vídeos publicitários e assim gerar ganhos para o mesmo. Lembro que a primeira pergunta que fiz foi, mas como o anunciante gera valor com isso? Pois estou assistindo algo por imposição, como isso se transformará em consumo ex-post? Lembro também que perguntei quais as grandes empresas estavam anunciando... E outras questões sem resposta da mesma.

Posteriormente fui realizar algumas pesquisas para saber a origem e a procedência dessa empresa. Verifiquei que os seus donos estavam envolvidos com problemas jurídicos na Índia, Tailândia e EUA, bem como não existia registro algum na bolsa de Londres ou órgãos de comercio conforme os mesmos justificavam no site. Achei aquilo tudo muito estranho e com pouca veracidade, além disso, a imagem do site era PÉSSIMA para uma empresa que dizia vender publicidade.

Hoje estamos em agosto de 2013, pouco mais de um ano do ocorrido e surgiram a: TELEXFREE, BBOM, PRIPLES e outras, prometendo ganhos rápidos e trabalho fácil... E como bem me lembro da “Colibri”, a mesma passou em sua fase falimentar a “transferir” o seu dinheiro em moeda própria (paralela), como a demanda pela mesma e venda/troca de pontos era muito grande a cotação de sua moeda perdeu muito valor e créditos de R$ 1,00 passaram a valer centavos em poucos dias... Triste fim.

Assim, a grande mensagem que gostaria de deixar é que ao realizar seus investimentos, procure saber sobre o órgão regulador daquele mercado, sobre os registros e modelo de negócio da empresa tem sustentação, sobre os balanços da empresa, questione os outros investidores, procure o máximo de informações, pois não basta exibir alguns apresentadores/atores de televisão ou carros e mulheres bonitas e achar que isso é confiável.  
_____

Conselhos do grande HeMan para os investidores:





domingo, 11 de agosto de 2013

US$ 1 Bilhão de dólares em 1 dia!


O dia 16 de setembro de 1992 entrou para história das finanças internacionais como a "quarta-feira negra", nesse dia o governo conservador britânico foi forçado a retirar a libra esterlina do Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio (MTC) depois que eles foram incapazes de mantê-lo acima de seu limite inferior acordado, uma espécie de tentativa de estabilidade cambial entre os países (bandas cambiais), tendo como referencia o Marco alemão.

Desde o início da década de 1990, altas taxas de juros estabelecidos pelo Bundesbank (Alemanha) para neutralizar os efeitos inflacionários relacionados ao excesso de despesas sobre a reunificação alemã, causou um estresse significativo em todo o território do MTC. O Reino Unido e a Itália tiveram dificuldades adicionais com seus déficits duplos, enquanto o Reino Unido também foi ferido pela rápida desvalorização do dólar - a moeda em que muitas exportações britânicas foram precificados - naquele verão.

Se aproveitando de tal instabilidade e inoperância na coordenação do MTC pelos europeus uma figura ganhou status de mito no mercado financeiro mundial se aproveitando do momento conturbado, o seu nome é: George Soros! O especulador fez em apenas um dia uma operação que lhe rendeu mais de US$ 1 bilhão de dólares (convertendo os ganhos em libra), simplesmente apostando contra a moeda inglesa e "quebrando o Banco Central da Inglaterra". Mas quem é Soros? E como foi realizada essa operação?

Soros é húngaro  nasceu em Budapeste no dia 12 de agosto de 1930. Fugindo dos campos de concentração nazista aos 14 anos para se refugiar na Inglaterra, aos 17 foi estudar economia e filosofia na prestigiada London School of Economics. Foi aluno do grande filósofo Karl Popper, uma experiência que mudaria profundamente sua vida e o auxiliaria no desenvolvimento da Teoria da Reflexividade, que deu base ao seu sucesso nos mercados. 

Em 1956, Soros se mudou para Nova York, onde ele trabalhou como trader de arbitragem para FM Mayer (1956-1959) e como analista de Wertheim & Co. (1959-1963). Durante este período, Soros desenvolveu a teoria da reflexão baseada nas idéias de Karl Popper. Reflexividade postulou que a valorização de qualquer mercado produz um pró-cíclico círculo "virtuoso ou vicioso" que afeta ainda mais o mercado. 

Em 1967, a First Eagle Funds criou uma oportunidade para Soros operar um fundo de investimento estrangeiro, bem como o fundo de hedge Double Eagle, em 1969. Em 1973, devido a restrições regulatórias que limitam a sua capacidade de operar os fundos, Soros renunciou ao seu primeiro cargo de gestor. Ele, então, criou o Fundo Quantum em parceria com Jim Rogers, com a esperança de ganhar $ 500,000 depois de cinco anos para apoiar suas ambições como um escritor e filósofo. Assim Soros fundou Soros Fund Management e tornou-se presidente. 

Ao longo dos anos o fundo Quantum gerou um retorno médio anual de 20% para seus investidores e fechou suas atividades para o público externo em 2011, devolvendo o dinheiro dos investidores e ficando apenas com a administração dos recursos da família Soros. 

E como ganhou US$ 1 bilhão?

O primeiro ministro Jonh Major elevou as taxas de juros para 10% e autorizou o gasto de bilhões em reservas de moeda estrangeira para comprar a Libra que vinha sendo freneticamente "vendida" nos mercados de divisas (por Soros), mas as medidas não conseguiu impedir a cotação da Libra de cair abaixo do seu nível mínimo no MTC (com referência no Marco alemão). 
Soros debatendo no Fórum
Econômico Mundial

O Tesouro tomou a decisão de defender a posição da Libra, acreditando que a sua desvalorização iria promover a inflação. Em 16 de setembro, o governo britânico anunciou um aumento na taxa básica de juros a partir de uma já elevada de 10% para 12%, a fim de seduzir os especuladores a comprarem Libras. Apesar disso e de uma promessa mais tarde no mesmo dia para aumentar as taxas (Libor) novamente para 15%, os mercados continuaram vendidos, convencidos de que o governo não iria cumprir com a sua promessa.

Às 7:00 da noite, Norman Lamont, então Chanceler do Governo, anunciou a Grã-Bretanha iria deixar a MTC e as taxas permaneceria no novo nível de 12% (no entanto, no próximo dia taxa de juros estava de volta em 10%). Mais tarde foi revelado que a decisão de retirar tinha sido acordado em uma reunião de emergência durante o dia entre Norman e o primeiro-ministro Major e que o aumento da taxa de juros para 15% só tinha sido uma medida "temporária" para evitar uma derrocada da Libra naquela tarde.

Assim o fundo de Soros vendeu pouco mais de £ 10 bilhões de libras (alavancado) lucrando com a relutância do governo do Reino Unido, em elevar suas taxas de juro para níveis comparáveis ​​aos de outros países do mecanismo cambial europeu ou flutuar sua moeda. Assim o mesmo apostou na queda da cotação da moeda, que ocorreu. 

Finalmente, o Banco Central do Reino Unido retirou do Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio, forçando a desvalorização da Libra, assim Soros ganhou cerca de US$ 1,1 bilhão. Anos depois, em 1997, o Tesouro britânico estimou que o custo da quarta-feira negra em £ 3,4 bilhões.

Dias depois o Soros afirmou que sua posição vendedora seria de US$ 15 bilhão, 50% a mais do que realmente foi operado, o que teria gerado um lucro ainda maior na operação e um maior custo para o Reino Unido. 

Soros ainda repetiria o feito na crise financeira asiática em 1997 e falou sobre a estratégia do fundo:

“Até o início de 1997, ficou claro para Soros Fund Management, que a discrepância entre a balança comercial e da conta de capital estava se tornando insustentável. Vendemos o baht tailandês (moeda do país), com vencimentos que variam de seis meses a um ano. (Isto é, nós firmamos contratos para entregar em datas futuras. Posteriormente primeiro-ministro da Malásia Mahathir me acusa de causar a crise, uma acusação totalmente infundada. Nós não éramos os vendedores da moeda durante ou vários meses antes da crise, pelo contrário, fomos compradores, quando as moedas começaram a cair - estávamos comprando para realizar os lucros da nossa especulação anterior. (Muito cedo, como se viu. Deixamos a maior parte do ganho potencial em cima da mesa, porque estávamos com medo de que Mahathir iria impor controles de capital. Ele fez isso, mas muito mais tarde.”

____

Mas Soros não apenas ganhou dinheiro, teve perdas grandes com operações especulativas com Iene’s no Japão e ainda uma participação acionária no falido Lehman Brothers. Mas o mesmo foi capaz de se antecipar a crises e fazer fortuna ao longo dos anos, ganhando mais do que perdendo em suas operações.

Hoje, prefere falar mais de política e idéias do que sobre dinheiro. Com 12 livros publicados, se diz um filósofo fracassado e tem grande atividades de filantropia onde promove a democracia e a sociedade aberta.O mesmo acredita que essa seja sua grande contribuição para o mundo, e não sua atuação nas finanças.

Em 2012 a Revista Forbes classificou Soros como a 22° pessoa mais rica do mundo, com 20 bilhões de dólares.
____

Entrevista do especulador ao Roda Vida - TV Cultura


 Alguns conselhos famosos do George Soros:

§  Não há nada de errado em correr riscos, desde que não se arrisques tudo.
§  Primeiro sobreviva, deixe para ganhar dinheiro depois.
§  A sobrevivência no mercado financeiro as vezes implica em bater rapidamente em retirada.
§  Meu sucesso financeiro forma um contraste absurdo com minha capacidade de prever os acontecimentos.
§  Para se obter sucesso, precisamos de momentos de ócio. Você precisa de muito tempo sobrando nas mãos.
§  Onde realmente acho que me supero é em reconhecer meus erros. Esse é o segredo do meu sucesso.




domingo, 4 de agosto de 2013

As maravilhas do longo prazo


Essa semana o maior investidor do mundo, senhor Warren Buffett anunciou o lucro anual de US$ 4,5 bilhões para os seus acionistas, um aumento de 46% em relação ao ano anterior, sua empresa de investimentos a Berkshire Hathaway tem aplicações em vários segmentos de mercado, esse ano 77,63% da receita da empresa veio do setor de seguros e resseguros (mercado bastante maduro nos EUA) e para os que acham que a empresa de Buffett não opera derivativos, US$ 622 milhões do seu lucro operacional vieram de operações dessa modalidade.

Mas o objetivo do post de hoje é falar em longo-prazo e nada como Warren Buffett para começar a conversar. O investidor conhecido como “Oráculo de Omaha” é reverenciado no mercado por sua famosa estratégia “buy and hold” em tradução livre, “compre e guarde”, ou seja, comprar o papel (a empresa) e esperar para que os mercados passem a responder pelos seus fundamentos e não pelo jogo da especulação que pode distorcer o preço dos ativos.

E a grande pergunta que fazemos é; Como escolher os ativos de forma fundamentalista? Quais os seus principais indicadores? E isso realmente funciona em termos práticos? Para responder essas perguntas, vamos iniciar com alguns exemplos, do final.

Atualmente existem dois grandes investidores de destaque no Brasil que adotam a filosofia do Buffett, são eles:

a) Lírio Parisotto, ex-agricultor, ex-funcionário do Banco do Brasil e ex-pobre como ele mesmo gosta de dizer que ficou muito rico, na verdade bilionário comprando ações de empresas com bons fundamentos e hoje usufrui de uma bela carteira de dividendos. Na lista da Forbes de 2013 o investidor de 59 anos aparece como o 26º no ranking nacional com um patrimônio de US$ 2,4 bilhões de dólares, aproximadamente R$ 5,5 bilhões de reais.

b) Luiz Barsi, filho de imigrantes espanhóis, o investidor de 74 anos possui um patrimônio mais modesto que o do Parisotto, mas é o maior aplicador pessoa física do banco do Brasil e possui atualmente uma fortuna estimada R$ 1,5 bilhão de reais, se utilizando da mesma estratégia, comprar papeis com fundamento e por bons preços.

Assim, o objetivo desse post é mostrar como, ou pelo menos, algumas ferramentas de como fazer isso. Essa tem sido uma busca pessoal minha e encontrei alguns indicadores que já são comungados por Parisotto e Barsi entre outros investidores, mas antes de falar nesses indicadores, o principal deles é a DISCIPLINA! Sem ela você não irá para lugar nenhum.
Então vamos para algumas recomendações que tenho usado na minha carteira e para alguns clientes:

1-   Boas Margens Bruta/Liquida; medido pela relação entre o lucro liquido e o faturamento. Assim buscamos empresas que apresentem uma margem liquida acima de 30% em seus negócios.
2-   Baixo P/VPA. Empresas que operem com a relação Preço/ Valor Patrimonial abaixo de 3,5 e maior que 0,5. O objetivo desse indicador é comprar a empresa o mais próximo possível do seu valor justo, avaliando o seu histórico de cotação em bolsa, quanto mais barato melhor.
3-   Baixo endividamento; estamos avaliando também a divida bruta em relação ao PL (patrimônio liquido), pois empresa s que tem pouca divida em momentos de dificuldades macroeconômicas (previsão para os próximos meses), além de ter caixa ,podem além de se endividar com mais facilidade para comprar concorrentes em dificuldade ou ainda ampliar mercados com melhores/menores custos.
4-     Os Dividendos; algumas das ações sugeridas não tem um elevado dividend yield (relação entre o preço da ação e o que a mesma paga de dividendo; exemplo DY = 1,4%, se a ação custa R$ 24,39 a empresa paga R$ 0,34% por ação. Esse seria o ponto menos forte de nossa analise.
5-  O Lucro. Compramos apenas empresas que dão lucro. Nada de empresas em fase pré-operacional (exemplo Grupo EBX), pois como diz um grande investidor “empresa que dá lucro não quebra”.

Claro que esses são apenas alguns pontos da analise fundamentalista e que pode ser muito bem combinada com uma analise grafista de períodos mais longos para poderem realizar uma bela combinação em beneficio do investidor e assim obter as vantagens do longo prazo. Entretanto para os que não gostam dessa abordagem, podemos evocar o grande Keynes “no longo prazo estaremos todos mortos”, mas o economista inglês foi um grande investidor e especulador!