sábado, 27 de julho de 2013

O Papa é POPular!




Sem dúvida o maior acontecimento da semana no Brasil é a visita do Papa, seja você católico ou não o líder da igreja católica carrega muito simbolismo e poder, ainda que em declínio, pois seu raio de ação junto às nações do mundo vem diminuindo ano após ano, mas não se pode negar a relevância do Papa e acredito que a sinalização da sua atual forma de poder começa a ganhar uma nova face nos dias atuais. 

A gestão do Papa Francisco (Jorge Mario Bergoglio) tem tudo para se tornar uma das mais bem sucedidas da história moderna da igreja romana. Francisco é “Pop” e simples, tem um perfil diferente do seu antecessor e se encaixa perfeitamente no atual momento político e econômico vivido pela Europa e pela igreja. Não podemos negar a riqueza material da igreja católica, para se ter uma ideia o banco do Vaticano, que recentemente foi acusado de denuncias e escândalos. O banco possui atualmente cerca de € 6 bilhões de euros em ativos totais o que daria pouco mais de R$ 18 bilhões de reais. Além de outras operações imobiliárias no continente europeu e impostos arrecadados ao redor do mundo, no Brasil temos o exemplo do laudêmio e outros. 

Assim, além da força econômica da igreja, temos a força política. Nações inteiras de designação católica reúnem ao redor do mundo segundo dados do instituto Pew (2010) mais de 1 bilhão de pessoas, só no Brasil pesquisas apontam que mais de 126 milhões de pessoas se declaram da religião católica, o que representa 64,6% da população total. Logo é simples de imaginar a força e a representatividade dessa instituição “presidida” por Francisco e sua importância no cenário político nacional.

E quais são os pontos críticos a serem enfrentados pelo novo CEO (chief executive officer) da igreja de Roma, podemos numerar os seguintes e ainda dizer que o mesmo terá um grande desafio no Brasil onde ocorreu uma queda da adesão religião católica (queda de mais de -27% no número de fiéis desde 1970), vejamos os pontos: 


1-      Escândalos sexuais da igreja
2-      Escândalos financeiros do banco do Vaticano
3-      Métodos contraceptivos (camisinha, pílula e outros)
4-      Casamento homossexual  
5-      Debate sobre o estado laico
6-      Perda de fieis
7-      Miséria e fome no mundo (crise financeira)
8-      Outros temas complexos ...

Essas são apenas algumas das questões mais centrais que sem dúvida estão na pauta do “santo padre”. Entretanto o ritmo e a disposição da igreja no debate desses temas ainda é bastante lento/gradual e a cada dia fica mais evidente que esse debate terá que vir a tona para a sociedade, mas será que o Francisco teria força para colocar isso na mesa e tomar uma decisão ou simplesmente mudar as antigas posturas da igreja,?Acho que em partes!

O fato do novo Papa adotar uma postura mais próxima dos fiéis e se mostrar mais preocupado com os problemas sociais, fazendo disso a sua bandeira o deixa mais forte no debate político. Além da sua estreita relação com os países emergentes e grupos excluídos, o que pode começar a abrir um novo ciclo na visão da igreja ou quem sabe uma nova forma de aceitar, mas sem homologar as suas reais posturas em um futuro próximo... Mas isso não saberemos se de fato ocorrerá!

Contudo não posso negar que a atual “estratégia” do Papa e da igreja em seu novo discurso é muito simpática e tem atraído o respeito e aceitação de muitos “ex-católicos”, espíritas, agnósticos, protestantes e outros que identificam no novo pontífice uma maior humanidade/simplicidade que agrada e melhora a imagem da igreja católica, mesmo com todos os seus problemas. Assim é possível enxergar uma luz no fundo de tanta hipocrisia.

Salve Francisco!




“Todo mundo tá revendo o que nunca foi visto
Todo mundo tá comprando os mais vendidos
É qualquer nota, qualquer notícia
Páginas em branco, fotos coloridas
Qualquer nova, qualquer notícia
Qualquer coisa que se mova é um alvo
E ninguém tá salvo...”

sábado, 20 de julho de 2013

Mudanças


“Nada do que foi será/ De novo do jeito que já foi um dia/ Tudo passa/ Tudo sempre passará”, sempre que penso em mudanças e faço reflexões sobre as mesmas vem na minha cabeça essa canção, mas como entender o processo da mudança nas nossas vidas e na economia...

Essa semana fiz aniversário e como sempre digo: “fazer aniversário é celebrar a chegada (ano após ano) da inevitável morte”, muitos dos meus amigos não gostam dessa minha expressão, mas ela é uma verdade incontestável. Enfim, o passar do tempo tem um efeito impressionante sobre a nossa percepção da vida, mudanças do dia-a-dia e mudanças de décadas passam a ter uma outra leitura.

E como pensar no futuro com as mudanças do hoje? Não é fácil fazer um exercício de futurologia, nem na vida nem na economia. Como você pensa ou onde gostaria de estar daqui a 5 anos? E quando se fez essa mesma pergunta em 2008 o que ocorreu até hoje, 5 anos depois? Acredito e espero que muita coisa tenha mudada, se não mudou sua vida foi um tédio.

Mas como essa percepção de futuro muda e contamina a Economia? Sendo mais especifico ainda a Macroeconomia? Simples, expectativa é tudo para o agente econômico (já falei sobre isso), mas o processo de mudança em uma analise mais ampla que a estática é muito mais significativo para se conhecer o que e como andar durante o processo!

Mudar significar variar, mexer, se movimentar, seja para o positivo ou para o negativo, mas sempre ocorrerá alguma mudança, e como temos acompanhado na economia mundial e mais especificamente na economia brasileira, as mudanças estão cada vez mais rápidas e abruptas, o que gera maior volatilidade (desvio-padrão) e conseqüentemente mais incerteza...

Logo, se tudo é incerto e gera duvida e medo, o melhor a fazer é tentar entender a mudança e “surfar” na sua onde, seja você empreendedor, político, estudante ou cidadão do mundo, ao menos que você queria permanecer “estático” o que lhe implicará em uma grande taxa de depreciação frente às novas possibilidades... Sejam econômicas ou não.

Assim parafraseando o grande poeta português “mudar é preciso, viver não é preciso”, até para morrer (que demore) tem que se mudar, afinal poder viver e respirar o ar do novo é um perfume que todos nós gostaríamos de sentir para sempre... Forever young!





sexta-feira, 12 de julho de 2013

Mosaico Brasileiro –Things Have Changed!


A foto acima fala muito do que é o Brasil de hoje, em uma analise conjuntural e rápida podemos afirmar que o país vai mal. Mas isso me parece um pouco exagerado, afirmações da oposição ou simplesmente de grupos que querem desestabilizar a nação. Não, não é verdade, reafirmo o Brasil está mal, não na UTI, mas caminha pra tempos difíceis, vamos entender...

Não quero me apegar aos aspectos econômicos apenas, mas a situação política e social. É claro que o governo brasileiro anda perdido, não existe uma agenda de gestão além dos programas sociais (muito bem executados diga-se), mas um governo se faz mais do que isso. As situações em áreas cruciais como saúde e educação não apresentam melhora significativa, claro! Mas essas melhores dependem de ações de longo-prazo, mas quais as ações estão sendo tomadas?

Podemos afirmar que o SUS é bom, mas é mal gerido?! Sim podemos, mas não podemos afirmar o mesmo para educação, falando do ensino básico e das deficientes faculdades públicas (sem pesquisa e sem extensão), a gestão do crucial no Brasil é feita com “jeitinho” e isso acaba com qualquer projeto de longo-prazo.

Outras áreas como infra-estrutura, burocracia e competitividade estão entre os grandes gargalos de um país que apenas sonha em ser grande, mas a cada década se perde em suas ações e o sonho fica sempre mais distante... A “desestatização” o nome dado para privatização no governo atual é lenta e pouco transparente, o excesso de intervenção e a falta de marco regulatórios deixam os investidores a cada dia com mais medo do que pode acontecer (eu também tenho medo)...

Completando o nosso passeio por alguns problemas do Brasil chegamos na Economia: a) crescimento pífio, b) balança comercial começando a fazer água, logo o saldo de transações correntes também entra pelo cano, c) taxa de investimento como sempre venho falando nesse espaço (é uma piada, menor que 20% do PIB), d) as contas públicas são dignas de “Mister M” é muita mágica pra um governo só e ainda temos a inflação além do teto da meta e por ai vai...

Enfim, são tantos, mas tantos os problemas, mas que ainda não afetaram diretamente a nossa sociedade ou pelo menos a percepção da maioria e isso é simples: A TAXA DE DESEMPREGO É BAIXA (5,8% - 04/2013)! Mas isso não dura pra sempre se o PIB não crescer, lembrando da “Okun’s Law” o desemprego tende a subir. Logo na minha opinião, isso será um "divisor de águas" na economia nacional e com efeitos sistêmicos em todos os setores. 

Assim, depois desse passeio rápido sobre o país, podemos voltar para a nossa foto acima; ela retrata muito bem o momento do BRASIL {Dilma + Eike} = De um lado um empresário que vendeu sonhos e entregou pesadelos e do outro uma dita “gerente-executiva” do setor público com atitudes de guerrilheira de quinta do exercito vermelho.  Realmente essa é a cara do Brasil de hoje...  E como diz o genial Bob Dylan:  

“As pessoas estão loucas e os tempos estão estranhos... mas agora as coisas mudaram.”






domingo, 7 de julho de 2013

"Tempos difíceis", artigo de Fernando Henrique Cardoso


"Já se disse tudo, ou quase tudo, sobre os atos públicos em curso. Para quem acompanha as transformações das sociedades contemporâneas não surpreende a forma repentina e espontânea das manifestações.

Em artigo publicado nesta coluna, há dois meses, resumi estudos de Manuel Castells e de Moisés Naím sobre as demonstrações na Islândia, na Tunísia, no Egito, na Espanha, na Itália e nos Estados Unidos. As causas e os estopins que provocaram os protestos variaram: em uns, a crise econômico-social deu ânimo à reação das massas; em outros, o desemprego elevado e a opressão política foram os motivos subjacentes aos protestos.

Tampouco as consequências foram idênticas. Em algumas sociedades onde havia o propósito específico de derrubar governos autoritários, o movimento conseguiu contagiar a sociedade inteira, obtendo sucesso. Resolver uma crise econômico-social profunda, como nos países europeus, torna-se mais difícil. Em certas circunstâncias, consegue-se até mesmo alterar instituições políticas, como na Islândia. Em todos os casos mencionados, os protestos afetaram a conjuntura política e, quando não vitoriosos em seus propósitos imediatos, acentuaram a falta de legitimidade do sistema de poder.

Os fatos que desencadeiam esses protestos são variáveis e não necessariamente se prendem à tradicional motivação da luta de classes. Mesmo em movimentos anteriores, como a "revolução de maio" em Paris (1968), que se originou do protesto estudantil "por um mundo melhor", tratava-se mais de uma reação de jovens que alcançou setores médios da sociedade, sobretudo os ligados às áreas da cultura, do entretenimento, da comunicação social e do ensino, embora tivesse apoiado depois as reivindicações sindicais. Algo do mesmo tipo se deu na luta pelas Diretas-Já. Embora antecedida pelas greves operárias, ela também se desenvolveu a partir de setores médios e mesmo altos da sociedade, aparecendo como um movimento "de todos". Não há, portanto, por que estranhar ou desqualificar as mobilizações atuais por serem movidas por jovens, sobretudo das classes médias e médias altas, nem, muito menos, de só por isso considerá-las como vindas "da direita".

O mais plausível é que haja uma mistura de motivos, desde os ligados à má qualidade de vida nas cidades (transportes deficientes, insegurança, criminalidade), que afetam a maioria, até os processos que atingem especialmente os mais pobres, como dificuldade de acesso à educação e à saúde e, sobretudo, baixa qualidade de serviços públicos nos bairros onde moram e dos transportes urbanos. Na linguagem atual das ruas, é "padrão Fifa" para uns e padrão burocrático-governamental para a maioria. Portanto, desigualdade social. E, no contexto, um grito parado no ar contra a corrupção - as preferências dos manifestantes por Joaquim Barbosa (ministro presidente do Supremo Tribunal Federal) não significam outra coisa. O estopim foi o custo e a deficiência dos transportes públicos, com o complemento sempre presente da reação policial acima do razoável. Mas se a fagulha provocou fogo foi porque havia muita palha no paiol.

A novidade, em comparação com o que ocorreu no passado brasileiro (nisso nosso movimento se assemelha aos europeus e norte-africanos), é que a mobilização se deu pela internet, pelos twitters e pelos celulares, sem intermediação de partidos ou organizações e, consequentemente, sem líderes ostensivos, sem manifestos, panfletos, tribunas ou tribunos. Correlatamente, os alvos dos protestos são difusos e não põem em causa de imediato o poder constituído nem visam questões macroeconômicas, o que não quer dizer que esses aspectos não permeiem a irritação popular.

Complicador de natureza imediatamente política foi o modo como as autoridades federais reagiram. Um movimento que era "local" - mexendo mais com os prefeitos e governadores - se tornou nacional a partir do momento em que a presidenta chamou a si a questão e a qualificou primordialmente, no dizer de Joaquim Barbosa, como uma questão de falta de legitimidade. A tal ponto que o Planalto pensou em convocar uma Constituinte e agora, diante da impossibilidade constitucional disso, pensa resolver o impasse por meio de plebiscito. Impasse, portanto, que não veio das ruas.

A partir daí o enredo virou outro: o da relação entre Congresso Nacional, Poder Executivo e Judiciário e a disputa para ver quem encaminha a solução do impasse institucional, ou seja, quem e como se faz uma "reforma eleitoral e partidária". Assunto importante e complexo, que, se apenas desviasse a atenção das ruas para os palácios do Planalto Central e não desnudasse a fragilidade destes, talvez fosse bom golpe de marketing. Mas, não. Os titubeios do Executivo e as manobras no Congresso não resolvem a carestia, a baixa qualidade dos empregos criados, o encolhimento das indústrias, os gargalos na infraestrutura, as barbeiragens na energia, e assim por diante.

O foco nos aspectos políticos da crise - sem que se negue a importância deles - antes agrava do que soluciona o "mal-estar", criado pelos "malfeitos" na política econômica e na gestão do governo. O afunilamento de tudo numa crise institucional (que, embora em germe, não amadurecera na consciência das pessoas) pode aumentar a crise, em lugar de superá-la.

A ver. Tudo dependerá da condução política do processo em curso e da paciência das pessoas diante de suas carências práticas, às quais o governo federal preferiu não dirigir preferencialmente a atenção. E dependerá também da evolução da conjuntura econômica. Esta revela a cada passo as insuficiências advindas do mau manejo da gestão pública e da falta de uma estratégia econômica condizente com os desafios de um mundo globalizado."