sábado, 30 de março de 2013

“Você não entende nada do que eu digo”


Lembrando os versos do poeta: Quando eu chego em casa nada me consola”, essa é sensação que tenho quando observo mais de perto as ações da equipe econômica do governo federal da era Dilma. Nessa semana na reunião dos BRIC’S a nossa ilustríssima senhora presidenta Dilma Rousseff deu uma declaração que gerou grande mal-estar em todo o mercado financeiro e fez os grandes economistas se revirarem no tumulo.


Disse a digníssima: "Eu não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico. Até porque, nós temos uma contraprova dada pela realidade; Nós vemos um baixo crescimento no ano passado, e houve um aumento da inflação, porque teve um choque de oferta devido à crise. Um dos fatores era externo", argumentou a presidenta.

Assim convido os senhores para fazer um simples exercício de lógica. Se em 2012 o crescimento foi baixo (+0,9%), mas a inflação foi alta, então quando o crescimento for alto a inflação será baixa, pensa a presidenta. Mas a resposta está errada, segundo a teoria econômica, quando o produto passar a se acelerar acima do seu potencial ou do pleno emprego o mesmo pode gerar pressão sobre os preços.

Outro a fator que temos que levar em consideração é o valor real do PIB que pode ser calculado simplesmente por (Y=y/P), ou seja, ele é uma relação entre o PIB nominal e o índice de preços, assim quanto mais à inflação cresce, menor será o produto real da economia, exemplo: Se o produto nominal crescer 4%a.a. como espera o ministro Guido Mantega e seu normal otimismo em estado de pletora, e se a inflação for de 6,5%, teremos um PIB Real de 0,62%.

Não precisamos ser doutor, mestre ou simplesmente graduado em Ciências Econômicas, como a presidenta, para entender que a inflação é mais cruel com quem ela diz que é mais preocupada os “pobres” do Brasil, o dragão da inflação corrói o poder de compra das pessoas, assim é preciso mais unidades monetárias para se comprar o mesmo bem que se comprava antes.

A história se repete, fica notório que o país tem sido governado por uma “ideologia desenvolvimentista”, a mesma que levou o Brasil à bancarrota no final dos anos 70 e 80, sendo ela o embrião do nosso elevado endividamento e geradora de políticas culturalmente lenientes com a inflação.  


  

sábado, 23 de março de 2013

No Chipre se fala grego


O Chipre é uma pequena ilha no mar mediterrâneo, possui pouco mais de 1 milhão de habitantes um PIB de US$ 24 bilhões de dólares, conta com bons indicadores sociais; IDH de 0,84 (considerado elevado), Índice de GINI de 0,29 (quanto menor melhor) e uma renda per capita de US$ 28 mil dólares. Um país pequeno em termos relativos para a economia mundial, mas importante em seu provável efeito simbólico e vamos entender o porquê disso tudo...

Na madrugada de sábado de 15/03/2013, foi organizado um projeto de lei no Chipre para prover os países credores e sendo exigida uma chamada de capital da ordem de € 10 a 17 bilhões de euros, como havia sido especulado.

Cria-se um imposto único de 9,9% sobre todos os depósitos acima do limite de € 100.000 euros antes dos bancos reabrirem depois de um feriado bancário na segunda-feira dia 18/02/2013. Essa ideia tinha estado no ar por um tempo, até porque muitos desses depósitos são de fora Chipre, da Rússia, em particular. A política de salvar russos ricos com dinheiro emprestado pelos alemães não agrada o parlamento europeu, uma atitude tipicamente germânica.

Imagine você um cidadão Cipriota (não confunda com idiota), acorda, vai ao banco consultar seu saldo e encontrar todas as agências bancárias fechadas e percebe que não pode consultar seus saldos nem muito menos sacar dinheiro. Assim a oferta de capital dos bancos para substituir o valor de suas economias se destina a ser um bálsamo (evaporará e tem terrível odor). A explicação mais plausível para essa medida é a de que o governo do Chipre tenha preferido para espalhar a dor, em vez de acabar com os depósitos off-shore e prejudicar suas perspectivas de longo prazo como um centro financeiro para dinheiro russo e outros.

Seja qual for à razão, é um erro por três razões. O primeiro erro é despertar risco de contágio em outras partes da zona do euro e gerar uma desconfiança sem proporções ainda calcula de uma corrida bancária. Os líderes europeus justificam tal medida como a única a ser tomada dada as atuais situações de temperatura e pressão no Chipre. Mas se você fosse um depositante em um país periférico que precisasse de um resgate da União Européia (EU) o que faria?  

O segundo erro é a desigualdade. Como separar ou a tentativa de separar dinheiro russo dos recursos da pátria? Afinal o capital financeiro tem muitas e múltiplas ligações e como bem sabem os meus amigos economistas “o capital financeiro não tem pátria”, o que não faz dele ruim ou bom, faz dele um componente fluido e volátil que deve ser cuidado de forma igual, pois a mesma capacidade de movimento que tem no Chipre tem nas Ilhas Cayman ou mesmo em Singapura. O capital deve sim correr riscos, esta em sua essência, mas não ser regulado de tal maneira a perturbar o sistema com tamanha brutalidade. 

O erro final é estratégico. O negócio cipriota não tem coerência no contexto maior. A crise do euro está em suspenso por alguns meses, em grande parte graças à prontidão do BCE que interviu para ajudar os países em dificuldades. O preço econômico para o BCE é insistir em programas de resgate com perfis customizados para cada país, entretanto o preço político parece ter um custo enorme, pois mais uma vez mostra o “racha” dentro da “união” econômica da Europa.

Assim o resgate parece mover a Europa mais longe das reformas institucionais que são necessárias para resolver a crise de uma vez por todas. Ao invés de usar o Mecanismo de Estabilidade Européia para re-capitalizar os bancos e, assim, enfraquecer a relação entre os bancos e os seus governos, a zona euro continua a equacionar problemas bancários com divida soberana.

Em resumo o que a Europa precisa é de um bom PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) feito no Brasil pelo governo FHC e que saneou os bancos nacionais e deu estabilidade o sistema nacional, impedindo o uso de recursos púbicos para sanear o sistema financeiro, ou poderemos amargar mais anos de recessão na zona do euro, com graves problemas de instabilidade sistêmica que será sentida em todo o mundo e apenas para completar com um toque de humor sarcástico; No Chipre se fala grego!


Sobre a importância da saúde do sistema financeiro para qualquer país, o professor Mário Henrique Simonsen lembra um momento amargo da história americana: “não podemos esquecer o exemplo da recessão de 1930 nos Estados Unidos, que acabou virando depressão econômica justamente porque o BC norte-americano não evitou uma crise bancária”. 



sábado, 16 de março de 2013

LIBERDADE!

O Mercado Livre parece ser mal interpretado pela maioria dos brasileiros. Escutamos do atual governo e dos seus correligionários políticos que os mercados devem ser controlados, que deixar o mercado sem regulação leva a disparidade econômica e aos resultados injustos. A ganância do Mercado Livre leva à corrupção e a exploração do homem pelo homem. Desconfiamos do Mercado Livre e buscamos instalar regras e leis para limitar suas atividades. Analistas políticos e dizem que o Mercado Livre é arriscado e tem falhado. Eles colocam os nossos atuais problemas econômicos aos pés do Mercado Livre. Na verdade, o Mercado Livre não tem sido completamente livre em décadas. 

É fácil para os políticos falar que o Mercado Livro é um “demônio”, pois ele (free market) prega em sua essência uma boa gestão dos recursos escassos e a busca pela eficiência, coisa que os políticos não gostam muito de ouvir falar nem de fazer. Os políticos amam o controle e não se enganem o controle é o que eles são e querem continuar sendo. Assim perguntamos, porque eles temem os resultados de um Mercado Livre? Porque pensam no Mercado Livre como arriscado e até mesmo anacrônico? Por que será? 

As pessoas parecem ter esquecido que os nossos desejos, opiniões, medos, ambições e todos os mais, nossas escolhas são as forças que impulsionam o objetivo de liberdade.  Ele é baseado no mais simples dos conceitos: a liberdade de viver nossas vidas como nós escolhemos. Nós temos a liberdade de escolher o que cada um quer comprar e quanto estamos dispostos a pagar por isso, o carro que dirigimos e quanto vai pagar por isso, as empresas em que investimos e quanto vamos pagar por um bem ou serviço. É simples assim. O Mercado Livre é a manifestação concreta de nossas escolhas.

O preço de um bem ou serviço é baseado no que vamos pagar por isso. Competição é o que mantém os preços em linha com o mercado. Se o preço de algum produto sobe devido ao aumento da demanda, uma oportunidade é criada para que um concorrente possa oferecer um produto comparável a um preço inferior. Este concorrente não pode vender um produto inferior e esperar obter maiores vendas. O competidor deve produzir algo comparável por um preço menor. Isso leva muito trabalho, dedicação, tomada de risco e inovação. Se for bem sucedido, se ganha dinheiro e gera benefícios para os consumidores com preços mais baixos.

As escolhas dos consumidores impulsionam o mercado. A maioria das pessoas não percebe que o lucro, o principal objetivo de todas as empresas, é realizado na maioria das vezes através da produção de um produto superior ou serviço a preços que beneficiam o consumidor. Explorar o consumidor ou fornecendo-lhes alternativas insatisfatórios de oferta representa a retirada concreta do bem-estar da sociedade, quando os governos permitem empresas consideradas “amigas do rei” serem mantidas no mercado a custo de sua ineficiência o mesmo está tirando da sociedade.

Deixado aos seus próprios mercados livres os mesmos podem a curto prazo produzir erros, mas sempre serão conduzidos a ajustes, se algo está sobrevalorizado, o verdadeiro valor acabará por se tornar evidente e o preço vai cair. O capitalismo de livre mercado serve para manter uma economia em equilíbrio.

Dito isto, o Governo faz o seu melhor para corromper os mercados livres, para exercer o controle das pessoas e limitar as nossas liberdades. Ele faz isso através de política fiscal, regulamentação, controle de preços, subsídios, taxas de juros, a oferta monetária, o controle de salários, regulamentos ambientais que desafiam o senso comum e a legislação da liberdade de limitação do outro. O Governo continuamente toma decisões que limitam a nossa liberdade, corrompe o ciclo natural da oferta e da demanda, desincentiva a concorrência e reduz escolhas.

Como brasileiros temos de ser cautelosos com o Governo que está adulterando a liberdade de mercado e busca agir no melhor interesse da nação a cada eleição. Nós não podemos ficar de braços cruzados e assistir as liberdades econômicas de um país em dita economia de mercado ser lentamente destruída, apenas para ser substituído com uma economia “planejada”, concebida para consolidar o poder político para uma nova classe dominante “estatal” que não pensa nos riscos da inflação e das baixas taxas de investimentos privado, mas se preocupa em muito com as bolsas e manutenção da “ditadura do proletariado livre-alienado”   




“A sociedade que coloca a igualdade à frente da liberdade irá terminar sem igualdade e sem liberdade.”
Milton Friedman



sábado, 9 de março de 2013

Conclave, Chávez e Chorão.



Realmente uma semana bastante movimentada, muitos acontecimentos e impactos para serem entendidos e desdobrados em um futuro próximo. Sem dúvida um dos mais importantes é a formação antecipada do conclave e a renuncia do papa Bento XVI em meados do nosso carnaval, posteriormente a “morte” do presidente da Venezuela e o desaparecimento do nosso querido Chorão da banda Charlie Brown Jr. 

Na minha visão, a igreja católica está sem um rumo, sem uma definição dos fatos e dos acontecimentos modernos há um bom tempo, o fato de se ter um novo papa, pode ou não mudar isso, mas acredito que não teremos nada de novo, apenas uma nova conta no Twitter, pois a gestão de Bento XVI foi inócua e morna para os atuais desafios da igreja na atualidade.

O militar venezuelano Hugo Chávez é um marco na história do populismo moderno da pobre América latina, dotado de uma personalidade bastante egocêntrica e centralizadora, governou a Venezuela, país rico em petróleo, mas pobre nos indicadores sociais e de renda e com elevadas taxas de inflação (acima de 20%), dados antigos e que ele não foi capaz de mudar ao longo dos mais de 10 anos que esteve no poder. Mas sendo capaz de um feito histórico, o único “morto-vivo” a comandar um governo durante tanto tempo, foram mais de 60 dias, sem uma notícia, sem um vídeo, sem um pronunciamento, apenas uma suposta “foto” no hospital... E um povo alienado esperando o milagre da ressurreição.   

A morte do Alexandre Magno Abrão (O Chorão) foi a menos relevante na mídia internacional, não terá quase ou nenhum impacto sobre os fatos socioeconômicos do país e deve apenas comover um punhado de fãs e apreciadores de sua música, belas composições e letras precisas, cravadas (muito impactantes na minha adolescência). Entretanto foi a morte mais honesta de todas, foi clara e sem rodeios, foi “overdose”!

Sou contra as drogas e uso de qualquer tipo de entorpecentes, mas não podemos negar que o Chorão não iludiu pessoas ao se passar por um líder que não foi, prometendo e não cumprindo, ou simplesmente perpetuando a sua vida enquanto já estava morto! Alexandre foi Grande e honesto até quando morreu, fazendo jus ao Cazuza “meus heróis morreram de overdose, meus inimigos estão no poder”...

E qual é a sua ideologia? Qual é aquela que você quer para viver? Idolatrar um líder e ser a favor de uma ditadura “maquiada” para o povo, mas em nome de um poder particular? Ser cúmplice das intervenções e ações que distorcem a economia e enfraquece as instituições em nome de uma “melhora” no bem-estar social, mas que acaba com a livre iniciativa e o individualismo gerador da liberdade humana... Qual o seu posicionamento, qual o seu questionamento, qual a sua opinião?

Como diz o poeta Caetano Veloso: “Neguinho compra 3 TVs de plasma, um carro GPS e acha que é feliz/ Neguinho também só quer saber de filme em shopping/ Nego abre banco, igreja, sauna, escola/ Talvez seja sua vez: Neguinho que eu falo é nós”

Oremos!

sábado, 2 de março de 2013

Confiança é TUDO

Segundo o dicionário, Confiança é: "Esperança firme em alguém, em alguma coisa: ter confiança no futuro. / Sentimento de segurança, de certeza, tranqüilidade, sossego daquele que confia na probidade de alguém: perder a confiança do chefe. / Segurança: não ter confiança em si. / Crédito: homem de confiança. // Dar confiança, dar importância a alguém, permitir intimidade. // Voto de confiança, no regime parlamentar, aprovação dada à política do governo pela maioria do Parlamento."

Enfim, mas nossa abordagem aqui é econômica e não "psicológica" podem dizer os mais rigorosos... Mas quem disse que economia não é também psicologia. Ela é tão importante que em 2002 o psicologo Daniel Kahneman e o economista Vernon L. Smith foram laureados com o Prêmio Nobel de Economia, por seus estudos em visões integradas da pesquisa de psicológica na ciência econômica, especialmente quanto ao juízo humano e tomada de decisões em condições de incerteza. 

Diante disso, podemos dizer que é a expectativa (algo fundamental) construída por meio da confiança de que amanhã será melhor do que é hoje, que faz você levantar da cama cedo ir para o seu trabalho, ir para faculdade, estudar, estudar e... estudar, terminar a graduação, fazer a pós-graduação, buscar um emprego melhor... Enfim, você está em movimento porque acredita que o futuro será melhor do que o passado/presente. E para o empresário capitalista é a mesma coisa!

Como fazer um investimento se as garantias não são claras? Como colocar dinheiro em algo incerto? Como transformar incerteza em risco probabilístico, afinal é o que tentamos fazer quando realizamos um projeto com as suas mais variadas taxas de retorno. Mas qual é a melhor decisão quando essa incerteza começa a ficar maior? Como confiar em um jogo, onde as regras podem mudar durante a partida? Complica não é!?

Assim, analisando o ICEB - Indicador de Confiança do Empresariado Baiano medido pela SEI percebemos uma clara desaceleração nos últimos meses, saindo de 237, 7 pontos em março/ 2010 para incríveis 36,2 pontos em dezembro/2012, ou seja, quem realmente faz a dinâmica capitalismo "andar" está com medo, assim como em outras regiões do país, como em São Paulo e no Rio de Janeiro. 



Entretanto, as expectativas podem mudar, para melhor ou para pior, como bem abordou John Maynard Keynes, Lord Keynes diferencia grau de certeza e grau de confiança no seu modelo de formação das expectativas. Grau de certeza, está associado à maior ou menor precisão no conhecimento das variáveis relevantes. Grau de confiança está associado à capacidade do agente de antecipar mudanças que afetarão seu negócio. O grau de confiança, então, será, tanto menor quanto maiores forem as mudanças esperadas no ambiente econômico ou quanto menos seguros estamos da forma que estas mudanças poderão tomar (Keynes,1936/1985, p. 110).

Não quero fazer previsões apocalipses ou catastróficas  até porque sou antes de tudo um cidadão brasileiro que deseja o melhor para o seu país, mas no momento pelo pouco que entendendo de economia as coisas estão sendo feitas de forma errada na equipe econômica do governo (pibinho = +0,9% ano 2012) e podemos pagar um elevado preço por esses erros, não agora no curto-prazo, mas no médio-longo podemos ter problemas mais graves.

Ainda lembrando de Keynes e falando sobre a vida, a única certeza que temos é que "no longo-prazo estaremos todos mortos", mas acredito que é muito melhor ir morrendo em boas condições ao invés que pagar o preço do prazer momentâneo à viver longos anos de restrição, simplesmente pensar no "valor do amanhã". Na vida tudo é uma questão de escolha inter-temporal... 



"A confiança perdida é difícil de recuperar. Ela não cresce como as unhas."
Johannes Brahms- Músico Alemão