sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Ben, o maior cabo eleitoral da Dilma!


Essa semana a economia brasileira ganhou um presente de natal antecipado! O tão famoso tapering, a redução dos estímulos a economia dos EUA realizado pelo FED (banco central norte-americano) vai ficar para 2014 e ainda mais, será feito de maneira gradual e suave.Assim o presidente do FED Ben Bernanke animou os mercados financeiros, dissipou grande parte das incertezas e de rebate pode ter dissipado a tão falada “tempestade perfeita” e nesse quesito especificamente o Ben fez um “bem danado” para a gestão econômica do atual governo.

Na minha visão o mercado ganhou um pouco mais de previsibilidade diante da incerteza monumental que pairava nos mercados ao até quarta-feira dia 18/12, pois os modelos estavam calibrados para uma maior desvalorização cambial, diminuição da liquidez internacional de forma mais acentuada e uma reversão do fluxo de capitais que poderia fazer a equipe econômica adotar medidas mais duras para “estancar os problemas”

Mas, as coisas mudaram, e mudaram para melhor, pelo menos em 2014 (acredito eu). Assim, o ano de copa do mundo e eleições pode ser um ano mais verde e amarelo e menos cinza como estávamos pensando, entretanto não podemos descuidar dos perigos conjunturais: situação fiscal de deteriorando, taxa de investimento baixa, inflação acima da meta, conta corrente em déficit crescente, taxa de câmbio desconfortavelmente desajustada, elevada intervenção estatal na economia, bolha imobiliária (dizem...), riscos regulatórios e outros (risco político, quem sabe)! Isso para não falar das graves questões estruturais que não serão resolvidas no curto prazo.

E no longo prazo, no longo prazo isso realmente ninguém sabe, apenas fazemos suposições e votos! Assim, acredito e espero que 2014 seja muito melhor que 2013 e que possamos fazer um ano menos ufanista no futebol e mais propositivo na política, afinal os títulos mundiais da seleção brasileira não vão ampliar os leitos dos hospitais, nem melhorar o sistema educacional e muito menos diminuir a corrupção nessa terra!


 Frase de reflexão (economia e afins): as vezes a sorte acompanha quem acaba fazendo tudo errado, por um instante resolve, mas o problema sempre chega... 

sábado, 16 de novembro de 2013

Bom dia Brasileiro!

Feriadão é sinônimo de praia, churrasco, família, amigos, cervejinha e agora... CADEIA! Isso mesmo CADEIA! Ontem eu e minha geração tivemos o orgulho de presenciar a prisão de políticos e outros condenados pelo maior esquema de corrupção desse país. Não quero aqui julgar partidos, afinal respeito à história do PT (mesmo não concordando com suas práticas) no sentido da importância que o mesmo tem para o sistema democrático e o estado de direito, mas condeno veementemente a atitude incorreta de alguns dos seus principais líderes que foram condenados e presos.

Ministro Joaquim Barbosa o algoz dos mensaleiros 
O mais impressionante nessa história toda é que pessoas que até então tinha biografias intocáveis e marcadas pela luta contra o regime militar e pelos ditos ideais democráticas (eles dizem, mas não acredito muito), agora tem que conviver com a mácula da prisão no regime democrático. Literalmente os personagens do núcleo político do mensalão petista jogaram suas biografias autorizadas ou não, no “lixo”

O que ficará disso tudo, ao final de tão demorado processo e julgamento, será que ainda cabe recurso? Será que ainda viveremos as delongas dos “embargos infringentes”? Não sei, não sou especialista em direito. Mas o que acredito é que a cena simbólica dos políticos, ex-ministros e pessoas de poder econômico-financeiro indo para a prisão pode e deve ser um marco da moralidade no Brasil.

Assim o grande efeito positivo desse fato especifico (prisão dos mensaleiros) pode desencadear no país é uma melhora no ambiente institucional. Afinal, as pessoas não confiam nas instituições, existe um grave problema nesse aspecto que pode ser o fator causador da nossa corrupção e da violência endêmica que vive nossa sociedade, afinal a policia e o judiciário servem para que e para quem mesmo? Não para mim? Se pergunta o brasileiro quase todos os dias!

Enfim, não vou falar mais nada porque ainda estamos no feriadão e tenho que aproveitar muito, pois esse negócio de pensar e refletir cansa pra c$#¨ralh%¨#!  

   "A minha lógica não é a mesma do senhor. Eu não barateio crime de corrupção."
Joaquim Barbosa - STF


  

domingo, 15 de setembro de 2013

O que lembro de 15/09/2008



Um dia histórico para o mundo. Dia 15 de setembro de 2008 foi inesquecível, ao longo daquele ano desde maio quando a bolsa brasileira chegava aos seus impressionantes 73.516 pontos e recebia o "grau de investimento" das principais agencias internacionais de classificação de risco o mesmo índice chegou aos também impressionantes  29.430 pontos em outubro do mesmo ano, em função dos acontecimentos de setembro. Mas o que de tão importante aconteceu em setembro daquele ano para o principal índice da bolsa variar -60%?

A quebra do Lehman Brothers o quarto maior banco do investimentos dos EUA, uma instituição fundada em 1850 e com um grande legado para o capitalismo norte americano e mundial. Mas o que deu errado? Não entrarei em detalhes do processo das hipotecas de risco conhecidas como "subprime". Os empréstimos de risco eram grande parte da carteira do banco, que apresentava uma elevada alavancagem em proporção de 33:1 (33 de recursos de terceiros para 1 de recursos próprios), no Brasil esses números estabelecidos pelo Basileia II e pelo Bacen giram em torno de 13:1. 

Somando-se a elevada exposição do Lehman com a total instabilidade vivida nos mercados naquele ano em função dos calotes do setor imobiliário norte americano que tinha como principais colaterias os derivativos de hipotecas de alto risco, gerou um efeito devastador! Muitas instituições passaram por grandes dificuldades ao longo do ano, mas no caso especifico do banco de investimentos centenário a grande questão era eles são "to big to fail", traduzindo "grandes de mais para quebrar", essa foi a leitura dos formadores de politica econômica dos EUA naquele momento e o seu então secretário do tesouro Hank Paulson que ideologicamente não interferiu no processo de ajuda ao banco e o mesmo foi a falência. 

Entretanto, falência por falência muitos quebraram e continuaram a quebrar, mas o problema foi o tamanha do problema e que consequentemente levaria o estado norte americano a ter mais problemas e viver uma situação de "refém" junto as instituições financeiras e outras, mas o que  agravou a situação foi o efeito desencadeados nos mercado, o problema daquele dia em diante foi um quase "colapso" do sistema financeiro e um travamento das operações bancarias no resto do mundo. O restante da história é o que está ai... problemas fiscais, recessão econômica e outros...

O mundo economicamente não melhorou muito desde aquele 15 de setembro, os emergentes que foram mais resistentes agora apresentam sinais de desaceleração e os países desenvolvidos caminham com grandes dificuldades, mas apresentam melhoras marginais e pontuais. Entretanto toda a tragedia sempre deixa um legado, no caso do Lehman a certeza que tudo ou nenhum grupo por mais forte que seja está livre de um desaparecimento abrupto "Eike que diga X"!







Lula e sua herança

Não podemos negar que o ex-presidente Lula deixou um legado para o Brasil, amparado pela estabilidade econômica e pelo fortalecimento das instituições a gestão Lula se beneficiou e muito do magnifico momento macroeconômico mundial, com o crescimento do mundo desenvolvido e dos emergente e ainda a total inversão da teoria dos termos de torca. As commodities ganharam preço e os manufaturados ficaram mais baratos (efeito China). 

Segue abaixo o documentário "8 anos em 80 minutos"



Entretanto o governo Lula não foi capaz de atacar os grande problemas do Brasil e nem promover reformas importantes e transformadores, pois essas medidas eram impopulares e de grande conflito no congresso. Não podemos esquecer também dos grandes casos de corrupção que fizeram parte do seu governo e tem reflexos até nos dias atuais. 





segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A Construção de Fernando Henrique

Esse final de semana não escrevi nenhum artigo para o blog, em função de algumas demandas do trabalho e do mestrado e não irei escrever durante a semana. Assim, minhas sugestão é que assistam a esse belo documentário sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um pouco sobre sua vida e obra.




Na próxima semana, postarei um documentário sobre o ex-presidente LULA, que também foi um presidente muito importante, afinal deu continuidade aos ajustes de política econômica criados no governo FHC.




sábado, 31 de agosto de 2013

O Brasil dos contrários

Quando geralmente sou perguntado por clientes, jornalistas, alunos ou colegas se a elevação da taxa de juros (SELIC) é uma medida correta para conter a atual escalada inflacionário no Brasil eu geralmente respondo: - Sim, mas é um remédio amargo e com efeitos colaterais nocivos.



Tentarei me fazer entender. Elevar juros é a recomendação básica em qualquer livro-texto de macroeconomia para se conter o consumo e o crescimento econômico que gera pressão inflacionária, ao elevar a taxa de juros se tem o famoso efeito ex-post de contração de demanda (política monetária contracionista) e assim a inflação “tende” a convergir para dentro da meta.

Agora vamos tentar responder o problema pela causa e não pela conseqüência: Seria possível reduzir a inflação sem usar a recomendação do livro-texto? A resposta é: Sim, mas em partes. Não podemos negar a importância da política monetária para o controle da inflação, entretanto na realidade brasileira grande parte da nossa inflação é gerada pela ineficiência da gestão dos gastos públicos, ou seja, a política fiscal do ministério da fazenda produz inflação.

Não vou aqui usar o espaço para colocar artigos acadêmicos ou modelos econometricos e matemáticos que justifiquem o peso do gasto público na inflação, apenas vou fazer a citação de um trabalho que acho fundamental para todo o estudante da área ou curioso no assunto que é o artigo “An Exploration of Optimal Stabilization Policy” do professor de Harvard Gregory Mankiw, mas tentarei usar um exemplo simples de como o gasto fiscal é relevante na inflação.

Para simplificar o entendimento: Imagine uma economia que arrecada R$ 1.000 por ano e tem um custo anual de R$ 1.500, assim para fechar as suas contas a mesma passa a emitir títulos (se endividar) no valor de R$ 500 a um custo de 10%a.a. Logo, todo o ano é gerado um déficit por conta dos juros dos títulos que se acumulam nos anos anteriores de suas emissões, ao mesmo tempo o volume de gastos passa a evoluir em magnitude maior que o montante arrecadado, assim os seus gestores devem emitir mais títulos e gerar conseqüentemente mais déficits. Admitindo uma gestão monetária eficiente, ou seja, que não gere desequilíbrios o lado fiscal seria responsável pela distorção e desequilíbrio dessa economia. 

Isso é o Brasil de hoje!

O desequilíbrio causado pelo lado fiscal da economia brasileira impede que o Bacen possa entregar suas metas de forma mais eficiente e dificulta que parte do componente da inflação nacional se enquadre. Para complementar a situação, o desconforto com o câmbio produz efeitos punitivos contra o nível de preços, não por um problema apenas de desvalorização, mas de competitividade e produtividade conforme comentamos no artigo da semana passada.

Assim o recomendado é que o Banco Central continue promovendo o seu aperto monetário de forma vigilante, mas que o Ministério da Fazenda passe a atuar de forma mais solidária e prudente com os seus gastos ou a gestão de política econômica no Brasil será como “enxugar gelo”, mas que nó fim sempre irá derreter...

domingo, 25 de agosto de 2013

The Long And Winding Road – A taxa de câmbio no Brasil

O título acima é de uma famosa música que fala sobre estrada, caminho, chegada e percurso. Quando pensava no que escrever para o artigo dessa semana, pensei nele: O dólar! Mas porque a taxa de câmbio no Brasil anda tão volátil e porque a moeda está se desvalorizando com tamanha velocidade?  Na minha humilde avaliação, existem três pontos básicos.


a) O grau de confiança na economia brasileira vem diminuindo, a saída de capitais e a desaceleração e até alguns cancelamentos de investimentos no país, vem mudando a percepção do investidor estrangeiro, assim, para sair de seus investimentos em carteira no Brasil o mesmo vende seus ativos locais em troca reais por dólares para repatriar ou realocar seus recursos, o que pela lei da oferta e da procura valoriza a taxa de câmbio.

b) A gestão econômica brasileira é “Desenvolvimentista” essa corrente ligada aos professores de economia da Unicamp, pensam que a indústria brasileira deve ser protegida da concorrência Chinesa e para isso devemos criar impostos contra os mesmos, dar crédito a "taxas de governo" a indústria nacional e desvalorizar a moeda (Real) para que os nossos produtos se tornem competitivos, mesmo não sendo os mais eficientes.

c) FED: O banco central norte americano é quem dará o real tom da taxa de câmbio no Brasil, se os estímulos forem gradativamente retirados e ocorrer uma elevação da sua taxa de juros o jogo muda e nem o BC brasileiro será capaz de conter o nervosismo nos mercado pelo menos no curto prazo. Assim esse é o principal “driver” para a câmbio e outras variáveis de investimentos no ano, assim resta apenas esperar porque a “Estrada é longa e sinuosa” como diz a canção dos Beatles.

Agora, que falei das prováveis causas, vamos para algumas as conseqüências:

1)      Inflação: A taxa de câmbio mais elevada, em uma país com elevada dependência externa em sua matriz produtiva leva ao aumento da inflação, como a nossa “industria nacional” é bastante ineficiente em comparação com os padrões internacionais, a sociedade local paga o custo dos produtos “subsidiados” pelo câmbio e pela falta de competitividade da industria nacional.

2)      Ineficiência: Com a manada de subsídios concedidos pelo governo, via desonerações fiscais ou mesmo via ajuda do “papai BNDES” o produto genuinamente brasileiro é mais caro que o produto importando, não porque é pior (geralmente sim), mas sim porque não atende aos padrões internacionais e é ineficiente do ponto de vista produtivo, o que gera a clássica perda de bem-estar da sociedade pela ineficiência de produção e comercio internacional, pois o Brasil que hoje tem o presidente da OMC tem uma das menores taxas de comercio do mundo.

3)   Petrobrás e Balança Comercial: Mas nem tudo é ruim com a desvalorização do real, as exportações dos produtos ineficientes são marginalmente beneficiadas, já os eficientes funcionam bem em “quase qualquer” regime de câmbio, como por exemplo, o agronegócio. Mas a balança comercial tem sido punida com o “déficit” gerado pela Petro por importar petróleo refinado em diferença a exportação do petróleo bruto de baixo valor agregado, ou seja, vendemos por 100 e recompramos por 200, logo a conta não vai fechar e o resultado do saldo comercial nacional é o pior da história, um déficit de US$ 4,98 bilhões no ano de 2013.

4)    Reservas: Provável queda das reservas comerciais, geradas pela queda do saldo comercial e gastos do BACEN na tentativa de “lutar” contra o mercado para conter a taxa de câmbio, e apenas lembrando o problema não é a taxa de câmbio, mas a falta eficiência produtiva brasileira.

5)   Mercado Futuro e Dividas: A elevada volatilidade causada nas últimas semanas por sinais confusos da dupla Fazenda e BACEN, acertando apenas na sexta-feira (23/08), vai criará problemas nos balanços das empresas nacionais que tem elevada exposição em divida estrangeira contratadas a taxas muito baixas nos seus mercados de origem, mas isso vai mudar em breve...

Não vou me delongar sobre esses fatos e fazer previsões sobre a taxa de câmbio (já tinha falado em fevereiro desse ano que ela iria a R$ 2,50), mas o que mais gostaria de dizer é que estamos do lado do Brasil, independente de A ou B, o mais importante é manter as conquistas atuais do país com equilíbrio fiscal e estabilidade monetária, afinal esses são valores econômicos inalienáveis.




sábado, 17 de agosto de 2013

O Marketing multinível por ele mesmo



Confesso que nunca fui um simpatizante de empresas de marketing multinível (MMN), pois sempre achei o modelo de negócio “incompleto” reservada a minha humilde capacidade mental, nunca se fechou pra mim o sistema total da engrenagem para que o mesmo se consolidasse como sustentável, mas enfim...

O MMN é considerado um “sucesso” nos EUA, entretanto não posso falar no modelo norte americano, pois não conheço suas regras e regulação, apenas que é similar ao modelo brasileiro.

Assim, nós últimos anos no Brasil muitas empresas dizendo adotar o modelo de negócio (MMN) nasceram e morreram com muita velocidade dentro do sistema econômico, muitas causando perdas irreparáveis aos seus investidores, não apenas financeiras como em muitos casos psicológicas.

Lembro muito bem no início do ano de 2012 quando ministrava uma aula na pós-graduação e uma aluna me perguntava sobre o que achava da “Mister Colibri”? Não tinha conhecimento sobre a empresa, mas a mesma já contava com muitas adesões e tinha como objetivo fazer o seu investidor “assistir” vídeos publicitários e assim gerar ganhos para o mesmo. Lembro que a primeira pergunta que fiz foi, mas como o anunciante gera valor com isso? Pois estou assistindo algo por imposição, como isso se transformará em consumo ex-post? Lembro também que perguntei quais as grandes empresas estavam anunciando... E outras questões sem resposta da mesma.

Posteriormente fui realizar algumas pesquisas para saber a origem e a procedência dessa empresa. Verifiquei que os seus donos estavam envolvidos com problemas jurídicos na Índia, Tailândia e EUA, bem como não existia registro algum na bolsa de Londres ou órgãos de comercio conforme os mesmos justificavam no site. Achei aquilo tudo muito estranho e com pouca veracidade, além disso, a imagem do site era PÉSSIMA para uma empresa que dizia vender publicidade.

Hoje estamos em agosto de 2013, pouco mais de um ano do ocorrido e surgiram a: TELEXFREE, BBOM, PRIPLES e outras, prometendo ganhos rápidos e trabalho fácil... E como bem me lembro da “Colibri”, a mesma passou em sua fase falimentar a “transferir” o seu dinheiro em moeda própria (paralela), como a demanda pela mesma e venda/troca de pontos era muito grande a cotação de sua moeda perdeu muito valor e créditos de R$ 1,00 passaram a valer centavos em poucos dias... Triste fim.

Assim, a grande mensagem que gostaria de deixar é que ao realizar seus investimentos, procure saber sobre o órgão regulador daquele mercado, sobre os registros e modelo de negócio da empresa tem sustentação, sobre os balanços da empresa, questione os outros investidores, procure o máximo de informações, pois não basta exibir alguns apresentadores/atores de televisão ou carros e mulheres bonitas e achar que isso é confiável.  
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Conselhos do grande HeMan para os investidores:





domingo, 11 de agosto de 2013

US$ 1 Bilhão de dólares em 1 dia!


O dia 16 de setembro de 1992 entrou para história das finanças internacionais como a "quarta-feira negra", nesse dia o governo conservador britânico foi forçado a retirar a libra esterlina do Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio (MTC) depois que eles foram incapazes de mantê-lo acima de seu limite inferior acordado, uma espécie de tentativa de estabilidade cambial entre os países (bandas cambiais), tendo como referencia o Marco alemão.

Desde o início da década de 1990, altas taxas de juros estabelecidos pelo Bundesbank (Alemanha) para neutralizar os efeitos inflacionários relacionados ao excesso de despesas sobre a reunificação alemã, causou um estresse significativo em todo o território do MTC. O Reino Unido e a Itália tiveram dificuldades adicionais com seus déficits duplos, enquanto o Reino Unido também foi ferido pela rápida desvalorização do dólar - a moeda em que muitas exportações britânicas foram precificados - naquele verão.

Se aproveitando de tal instabilidade e inoperância na coordenação do MTC pelos europeus uma figura ganhou status de mito no mercado financeiro mundial se aproveitando do momento conturbado, o seu nome é: George Soros! O especulador fez em apenas um dia uma operação que lhe rendeu mais de US$ 1 bilhão de dólares (convertendo os ganhos em libra), simplesmente apostando contra a moeda inglesa e "quebrando o Banco Central da Inglaterra". Mas quem é Soros? E como foi realizada essa operação?

Soros é húngaro  nasceu em Budapeste no dia 12 de agosto de 1930. Fugindo dos campos de concentração nazista aos 14 anos para se refugiar na Inglaterra, aos 17 foi estudar economia e filosofia na prestigiada London School of Economics. Foi aluno do grande filósofo Karl Popper, uma experiência que mudaria profundamente sua vida e o auxiliaria no desenvolvimento da Teoria da Reflexividade, que deu base ao seu sucesso nos mercados. 

Em 1956, Soros se mudou para Nova York, onde ele trabalhou como trader de arbitragem para FM Mayer (1956-1959) e como analista de Wertheim & Co. (1959-1963). Durante este período, Soros desenvolveu a teoria da reflexão baseada nas idéias de Karl Popper. Reflexividade postulou que a valorização de qualquer mercado produz um pró-cíclico círculo "virtuoso ou vicioso" que afeta ainda mais o mercado. 

Em 1967, a First Eagle Funds criou uma oportunidade para Soros operar um fundo de investimento estrangeiro, bem como o fundo de hedge Double Eagle, em 1969. Em 1973, devido a restrições regulatórias que limitam a sua capacidade de operar os fundos, Soros renunciou ao seu primeiro cargo de gestor. Ele, então, criou o Fundo Quantum em parceria com Jim Rogers, com a esperança de ganhar $ 500,000 depois de cinco anos para apoiar suas ambições como um escritor e filósofo. Assim Soros fundou Soros Fund Management e tornou-se presidente. 

Ao longo dos anos o fundo Quantum gerou um retorno médio anual de 20% para seus investidores e fechou suas atividades para o público externo em 2011, devolvendo o dinheiro dos investidores e ficando apenas com a administração dos recursos da família Soros. 

E como ganhou US$ 1 bilhão?

O primeiro ministro Jonh Major elevou as taxas de juros para 10% e autorizou o gasto de bilhões em reservas de moeda estrangeira para comprar a Libra que vinha sendo freneticamente "vendida" nos mercados de divisas (por Soros), mas as medidas não conseguiu impedir a cotação da Libra de cair abaixo do seu nível mínimo no MTC (com referência no Marco alemão). 
Soros debatendo no Fórum
Econômico Mundial

O Tesouro tomou a decisão de defender a posição da Libra, acreditando que a sua desvalorização iria promover a inflação. Em 16 de setembro, o governo britânico anunciou um aumento na taxa básica de juros a partir de uma já elevada de 10% para 12%, a fim de seduzir os especuladores a comprarem Libras. Apesar disso e de uma promessa mais tarde no mesmo dia para aumentar as taxas (Libor) novamente para 15%, os mercados continuaram vendidos, convencidos de que o governo não iria cumprir com a sua promessa.

Às 7:00 da noite, Norman Lamont, então Chanceler do Governo, anunciou a Grã-Bretanha iria deixar a MTC e as taxas permaneceria no novo nível de 12% (no entanto, no próximo dia taxa de juros estava de volta em 10%). Mais tarde foi revelado que a decisão de retirar tinha sido acordado em uma reunião de emergência durante o dia entre Norman e o primeiro-ministro Major e que o aumento da taxa de juros para 15% só tinha sido uma medida "temporária" para evitar uma derrocada da Libra naquela tarde.

Assim o fundo de Soros vendeu pouco mais de £ 10 bilhões de libras (alavancado) lucrando com a relutância do governo do Reino Unido, em elevar suas taxas de juro para níveis comparáveis ​​aos de outros países do mecanismo cambial europeu ou flutuar sua moeda. Assim o mesmo apostou na queda da cotação da moeda, que ocorreu. 

Finalmente, o Banco Central do Reino Unido retirou do Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio, forçando a desvalorização da Libra, assim Soros ganhou cerca de US$ 1,1 bilhão. Anos depois, em 1997, o Tesouro britânico estimou que o custo da quarta-feira negra em £ 3,4 bilhões.

Dias depois o Soros afirmou que sua posição vendedora seria de US$ 15 bilhão, 50% a mais do que realmente foi operado, o que teria gerado um lucro ainda maior na operação e um maior custo para o Reino Unido. 

Soros ainda repetiria o feito na crise financeira asiática em 1997 e falou sobre a estratégia do fundo:

“Até o início de 1997, ficou claro para Soros Fund Management, que a discrepância entre a balança comercial e da conta de capital estava se tornando insustentável. Vendemos o baht tailandês (moeda do país), com vencimentos que variam de seis meses a um ano. (Isto é, nós firmamos contratos para entregar em datas futuras. Posteriormente primeiro-ministro da Malásia Mahathir me acusa de causar a crise, uma acusação totalmente infundada. Nós não éramos os vendedores da moeda durante ou vários meses antes da crise, pelo contrário, fomos compradores, quando as moedas começaram a cair - estávamos comprando para realizar os lucros da nossa especulação anterior. (Muito cedo, como se viu. Deixamos a maior parte do ganho potencial em cima da mesa, porque estávamos com medo de que Mahathir iria impor controles de capital. Ele fez isso, mas muito mais tarde.”

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Mas Soros não apenas ganhou dinheiro, teve perdas grandes com operações especulativas com Iene’s no Japão e ainda uma participação acionária no falido Lehman Brothers. Mas o mesmo foi capaz de se antecipar a crises e fazer fortuna ao longo dos anos, ganhando mais do que perdendo em suas operações.

Hoje, prefere falar mais de política e idéias do que sobre dinheiro. Com 12 livros publicados, se diz um filósofo fracassado e tem grande atividades de filantropia onde promove a democracia e a sociedade aberta.O mesmo acredita que essa seja sua grande contribuição para o mundo, e não sua atuação nas finanças.

Em 2012 a Revista Forbes classificou Soros como a 22° pessoa mais rica do mundo, com 20 bilhões de dólares.
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Entrevista do especulador ao Roda Vida - TV Cultura


 Alguns conselhos famosos do George Soros:

§  Não há nada de errado em correr riscos, desde que não se arrisques tudo.
§  Primeiro sobreviva, deixe para ganhar dinheiro depois.
§  A sobrevivência no mercado financeiro as vezes implica em bater rapidamente em retirada.
§  Meu sucesso financeiro forma um contraste absurdo com minha capacidade de prever os acontecimentos.
§  Para se obter sucesso, precisamos de momentos de ócio. Você precisa de muito tempo sobrando nas mãos.
§  Onde realmente acho que me supero é em reconhecer meus erros. Esse é o segredo do meu sucesso.




domingo, 4 de agosto de 2013

As maravilhas do longo prazo


Essa semana o maior investidor do mundo, senhor Warren Buffett anunciou o lucro anual de US$ 4,5 bilhões para os seus acionistas, um aumento de 46% em relação ao ano anterior, sua empresa de investimentos a Berkshire Hathaway tem aplicações em vários segmentos de mercado, esse ano 77,63% da receita da empresa veio do setor de seguros e resseguros (mercado bastante maduro nos EUA) e para os que acham que a empresa de Buffett não opera derivativos, US$ 622 milhões do seu lucro operacional vieram de operações dessa modalidade.

Mas o objetivo do post de hoje é falar em longo-prazo e nada como Warren Buffett para começar a conversar. O investidor conhecido como “Oráculo de Omaha” é reverenciado no mercado por sua famosa estratégia “buy and hold” em tradução livre, “compre e guarde”, ou seja, comprar o papel (a empresa) e esperar para que os mercados passem a responder pelos seus fundamentos e não pelo jogo da especulação que pode distorcer o preço dos ativos.

E a grande pergunta que fazemos é; Como escolher os ativos de forma fundamentalista? Quais os seus principais indicadores? E isso realmente funciona em termos práticos? Para responder essas perguntas, vamos iniciar com alguns exemplos, do final.

Atualmente existem dois grandes investidores de destaque no Brasil que adotam a filosofia do Buffett, são eles:

a) Lírio Parisotto, ex-agricultor, ex-funcionário do Banco do Brasil e ex-pobre como ele mesmo gosta de dizer que ficou muito rico, na verdade bilionário comprando ações de empresas com bons fundamentos e hoje usufrui de uma bela carteira de dividendos. Na lista da Forbes de 2013 o investidor de 59 anos aparece como o 26º no ranking nacional com um patrimônio de US$ 2,4 bilhões de dólares, aproximadamente R$ 5,5 bilhões de reais.

b) Luiz Barsi, filho de imigrantes espanhóis, o investidor de 74 anos possui um patrimônio mais modesto que o do Parisotto, mas é o maior aplicador pessoa física do banco do Brasil e possui atualmente uma fortuna estimada R$ 1,5 bilhão de reais, se utilizando da mesma estratégia, comprar papeis com fundamento e por bons preços.

Assim, o objetivo desse post é mostrar como, ou pelo menos, algumas ferramentas de como fazer isso. Essa tem sido uma busca pessoal minha e encontrei alguns indicadores que já são comungados por Parisotto e Barsi entre outros investidores, mas antes de falar nesses indicadores, o principal deles é a DISCIPLINA! Sem ela você não irá para lugar nenhum.
Então vamos para algumas recomendações que tenho usado na minha carteira e para alguns clientes:

1-   Boas Margens Bruta/Liquida; medido pela relação entre o lucro liquido e o faturamento. Assim buscamos empresas que apresentem uma margem liquida acima de 30% em seus negócios.
2-   Baixo P/VPA. Empresas que operem com a relação Preço/ Valor Patrimonial abaixo de 3,5 e maior que 0,5. O objetivo desse indicador é comprar a empresa o mais próximo possível do seu valor justo, avaliando o seu histórico de cotação em bolsa, quanto mais barato melhor.
3-   Baixo endividamento; estamos avaliando também a divida bruta em relação ao PL (patrimônio liquido), pois empresa s que tem pouca divida em momentos de dificuldades macroeconômicas (previsão para os próximos meses), além de ter caixa ,podem além de se endividar com mais facilidade para comprar concorrentes em dificuldade ou ainda ampliar mercados com melhores/menores custos.
4-     Os Dividendos; algumas das ações sugeridas não tem um elevado dividend yield (relação entre o preço da ação e o que a mesma paga de dividendo; exemplo DY = 1,4%, se a ação custa R$ 24,39 a empresa paga R$ 0,34% por ação. Esse seria o ponto menos forte de nossa analise.
5-  O Lucro. Compramos apenas empresas que dão lucro. Nada de empresas em fase pré-operacional (exemplo Grupo EBX), pois como diz um grande investidor “empresa que dá lucro não quebra”.

Claro que esses são apenas alguns pontos da analise fundamentalista e que pode ser muito bem combinada com uma analise grafista de períodos mais longos para poderem realizar uma bela combinação em beneficio do investidor e assim obter as vantagens do longo prazo. Entretanto para os que não gostam dessa abordagem, podemos evocar o grande Keynes “no longo prazo estaremos todos mortos”, mas o economista inglês foi um grande investidor e especulador!


sábado, 27 de julho de 2013

O Papa é POPular!




Sem dúvida o maior acontecimento da semana no Brasil é a visita do Papa, seja você católico ou não o líder da igreja católica carrega muito simbolismo e poder, ainda que em declínio, pois seu raio de ação junto às nações do mundo vem diminuindo ano após ano, mas não se pode negar a relevância do Papa e acredito que a sinalização da sua atual forma de poder começa a ganhar uma nova face nos dias atuais. 

A gestão do Papa Francisco (Jorge Mario Bergoglio) tem tudo para se tornar uma das mais bem sucedidas da história moderna da igreja romana. Francisco é “Pop” e simples, tem um perfil diferente do seu antecessor e se encaixa perfeitamente no atual momento político e econômico vivido pela Europa e pela igreja. Não podemos negar a riqueza material da igreja católica, para se ter uma ideia o banco do Vaticano, que recentemente foi acusado de denuncias e escândalos. O banco possui atualmente cerca de € 6 bilhões de euros em ativos totais o que daria pouco mais de R$ 18 bilhões de reais. Além de outras operações imobiliárias no continente europeu e impostos arrecadados ao redor do mundo, no Brasil temos o exemplo do laudêmio e outros. 

Assim, além da força econômica da igreja, temos a força política. Nações inteiras de designação católica reúnem ao redor do mundo segundo dados do instituto Pew (2010) mais de 1 bilhão de pessoas, só no Brasil pesquisas apontam que mais de 126 milhões de pessoas se declaram da religião católica, o que representa 64,6% da população total. Logo é simples de imaginar a força e a representatividade dessa instituição “presidida” por Francisco e sua importância no cenário político nacional.

E quais são os pontos críticos a serem enfrentados pelo novo CEO (chief executive officer) da igreja de Roma, podemos numerar os seguintes e ainda dizer que o mesmo terá um grande desafio no Brasil onde ocorreu uma queda da adesão religião católica (queda de mais de -27% no número de fiéis desde 1970), vejamos os pontos: 


1-      Escândalos sexuais da igreja
2-      Escândalos financeiros do banco do Vaticano
3-      Métodos contraceptivos (camisinha, pílula e outros)
4-      Casamento homossexual  
5-      Debate sobre o estado laico
6-      Perda de fieis
7-      Miséria e fome no mundo (crise financeira)
8-      Outros temas complexos ...

Essas são apenas algumas das questões mais centrais que sem dúvida estão na pauta do “santo padre”. Entretanto o ritmo e a disposição da igreja no debate desses temas ainda é bastante lento/gradual e a cada dia fica mais evidente que esse debate terá que vir a tona para a sociedade, mas será que o Francisco teria força para colocar isso na mesa e tomar uma decisão ou simplesmente mudar as antigas posturas da igreja,?Acho que em partes!

O fato do novo Papa adotar uma postura mais próxima dos fiéis e se mostrar mais preocupado com os problemas sociais, fazendo disso a sua bandeira o deixa mais forte no debate político. Além da sua estreita relação com os países emergentes e grupos excluídos, o que pode começar a abrir um novo ciclo na visão da igreja ou quem sabe uma nova forma de aceitar, mas sem homologar as suas reais posturas em um futuro próximo... Mas isso não saberemos se de fato ocorrerá!

Contudo não posso negar que a atual “estratégia” do Papa e da igreja em seu novo discurso é muito simpática e tem atraído o respeito e aceitação de muitos “ex-católicos”, espíritas, agnósticos, protestantes e outros que identificam no novo pontífice uma maior humanidade/simplicidade que agrada e melhora a imagem da igreja católica, mesmo com todos os seus problemas. Assim é possível enxergar uma luz no fundo de tanta hipocrisia.

Salve Francisco!




“Todo mundo tá revendo o que nunca foi visto
Todo mundo tá comprando os mais vendidos
É qualquer nota, qualquer notícia
Páginas em branco, fotos coloridas
Qualquer nova, qualquer notícia
Qualquer coisa que se mova é um alvo
E ninguém tá salvo...”

sábado, 20 de julho de 2013

Mudanças


“Nada do que foi será/ De novo do jeito que já foi um dia/ Tudo passa/ Tudo sempre passará”, sempre que penso em mudanças e faço reflexões sobre as mesmas vem na minha cabeça essa canção, mas como entender o processo da mudança nas nossas vidas e na economia...

Essa semana fiz aniversário e como sempre digo: “fazer aniversário é celebrar a chegada (ano após ano) da inevitável morte”, muitos dos meus amigos não gostam dessa minha expressão, mas ela é uma verdade incontestável. Enfim, o passar do tempo tem um efeito impressionante sobre a nossa percepção da vida, mudanças do dia-a-dia e mudanças de décadas passam a ter uma outra leitura.

E como pensar no futuro com as mudanças do hoje? Não é fácil fazer um exercício de futurologia, nem na vida nem na economia. Como você pensa ou onde gostaria de estar daqui a 5 anos? E quando se fez essa mesma pergunta em 2008 o que ocorreu até hoje, 5 anos depois? Acredito e espero que muita coisa tenha mudada, se não mudou sua vida foi um tédio.

Mas como essa percepção de futuro muda e contamina a Economia? Sendo mais especifico ainda a Macroeconomia? Simples, expectativa é tudo para o agente econômico (já falei sobre isso), mas o processo de mudança em uma analise mais ampla que a estática é muito mais significativo para se conhecer o que e como andar durante o processo!

Mudar significar variar, mexer, se movimentar, seja para o positivo ou para o negativo, mas sempre ocorrerá alguma mudança, e como temos acompanhado na economia mundial e mais especificamente na economia brasileira, as mudanças estão cada vez mais rápidas e abruptas, o que gera maior volatilidade (desvio-padrão) e conseqüentemente mais incerteza...

Logo, se tudo é incerto e gera duvida e medo, o melhor a fazer é tentar entender a mudança e “surfar” na sua onde, seja você empreendedor, político, estudante ou cidadão do mundo, ao menos que você queria permanecer “estático” o que lhe implicará em uma grande taxa de depreciação frente às novas possibilidades... Sejam econômicas ou não.

Assim parafraseando o grande poeta português “mudar é preciso, viver não é preciso”, até para morrer (que demore) tem que se mudar, afinal poder viver e respirar o ar do novo é um perfume que todos nós gostaríamos de sentir para sempre... Forever young!





sexta-feira, 12 de julho de 2013

Mosaico Brasileiro –Things Have Changed!


A foto acima fala muito do que é o Brasil de hoje, em uma analise conjuntural e rápida podemos afirmar que o país vai mal. Mas isso me parece um pouco exagerado, afirmações da oposição ou simplesmente de grupos que querem desestabilizar a nação. Não, não é verdade, reafirmo o Brasil está mal, não na UTI, mas caminha pra tempos difíceis, vamos entender...

Não quero me apegar aos aspectos econômicos apenas, mas a situação política e social. É claro que o governo brasileiro anda perdido, não existe uma agenda de gestão além dos programas sociais (muito bem executados diga-se), mas um governo se faz mais do que isso. As situações em áreas cruciais como saúde e educação não apresentam melhora significativa, claro! Mas essas melhores dependem de ações de longo-prazo, mas quais as ações estão sendo tomadas?

Podemos afirmar que o SUS é bom, mas é mal gerido?! Sim podemos, mas não podemos afirmar o mesmo para educação, falando do ensino básico e das deficientes faculdades públicas (sem pesquisa e sem extensão), a gestão do crucial no Brasil é feita com “jeitinho” e isso acaba com qualquer projeto de longo-prazo.

Outras áreas como infra-estrutura, burocracia e competitividade estão entre os grandes gargalos de um país que apenas sonha em ser grande, mas a cada década se perde em suas ações e o sonho fica sempre mais distante... A “desestatização” o nome dado para privatização no governo atual é lenta e pouco transparente, o excesso de intervenção e a falta de marco regulatórios deixam os investidores a cada dia com mais medo do que pode acontecer (eu também tenho medo)...

Completando o nosso passeio por alguns problemas do Brasil chegamos na Economia: a) crescimento pífio, b) balança comercial começando a fazer água, logo o saldo de transações correntes também entra pelo cano, c) taxa de investimento como sempre venho falando nesse espaço (é uma piada, menor que 20% do PIB), d) as contas públicas são dignas de “Mister M” é muita mágica pra um governo só e ainda temos a inflação além do teto da meta e por ai vai...

Enfim, são tantos, mas tantos os problemas, mas que ainda não afetaram diretamente a nossa sociedade ou pelo menos a percepção da maioria e isso é simples: A TAXA DE DESEMPREGO É BAIXA (5,8% - 04/2013)! Mas isso não dura pra sempre se o PIB não crescer, lembrando da “Okun’s Law” o desemprego tende a subir. Logo na minha opinião, isso será um "divisor de águas" na economia nacional e com efeitos sistêmicos em todos os setores. 

Assim, depois desse passeio rápido sobre o país, podemos voltar para a nossa foto acima; ela retrata muito bem o momento do BRASIL {Dilma + Eike} = De um lado um empresário que vendeu sonhos e entregou pesadelos e do outro uma dita “gerente-executiva” do setor público com atitudes de guerrilheira de quinta do exercito vermelho.  Realmente essa é a cara do Brasil de hoje...  E como diz o genial Bob Dylan:  

“As pessoas estão loucas e os tempos estão estranhos... mas agora as coisas mudaram.”






domingo, 7 de julho de 2013

"Tempos difíceis", artigo de Fernando Henrique Cardoso


"Já se disse tudo, ou quase tudo, sobre os atos públicos em curso. Para quem acompanha as transformações das sociedades contemporâneas não surpreende a forma repentina e espontânea das manifestações.

Em artigo publicado nesta coluna, há dois meses, resumi estudos de Manuel Castells e de Moisés Naím sobre as demonstrações na Islândia, na Tunísia, no Egito, na Espanha, na Itália e nos Estados Unidos. As causas e os estopins que provocaram os protestos variaram: em uns, a crise econômico-social deu ânimo à reação das massas; em outros, o desemprego elevado e a opressão política foram os motivos subjacentes aos protestos.

Tampouco as consequências foram idênticas. Em algumas sociedades onde havia o propósito específico de derrubar governos autoritários, o movimento conseguiu contagiar a sociedade inteira, obtendo sucesso. Resolver uma crise econômico-social profunda, como nos países europeus, torna-se mais difícil. Em certas circunstâncias, consegue-se até mesmo alterar instituições políticas, como na Islândia. Em todos os casos mencionados, os protestos afetaram a conjuntura política e, quando não vitoriosos em seus propósitos imediatos, acentuaram a falta de legitimidade do sistema de poder.

Os fatos que desencadeiam esses protestos são variáveis e não necessariamente se prendem à tradicional motivação da luta de classes. Mesmo em movimentos anteriores, como a "revolução de maio" em Paris (1968), que se originou do protesto estudantil "por um mundo melhor", tratava-se mais de uma reação de jovens que alcançou setores médios da sociedade, sobretudo os ligados às áreas da cultura, do entretenimento, da comunicação social e do ensino, embora tivesse apoiado depois as reivindicações sindicais. Algo do mesmo tipo se deu na luta pelas Diretas-Já. Embora antecedida pelas greves operárias, ela também se desenvolveu a partir de setores médios e mesmo altos da sociedade, aparecendo como um movimento "de todos". Não há, portanto, por que estranhar ou desqualificar as mobilizações atuais por serem movidas por jovens, sobretudo das classes médias e médias altas, nem, muito menos, de só por isso considerá-las como vindas "da direita".

O mais plausível é que haja uma mistura de motivos, desde os ligados à má qualidade de vida nas cidades (transportes deficientes, insegurança, criminalidade), que afetam a maioria, até os processos que atingem especialmente os mais pobres, como dificuldade de acesso à educação e à saúde e, sobretudo, baixa qualidade de serviços públicos nos bairros onde moram e dos transportes urbanos. Na linguagem atual das ruas, é "padrão Fifa" para uns e padrão burocrático-governamental para a maioria. Portanto, desigualdade social. E, no contexto, um grito parado no ar contra a corrupção - as preferências dos manifestantes por Joaquim Barbosa (ministro presidente do Supremo Tribunal Federal) não significam outra coisa. O estopim foi o custo e a deficiência dos transportes públicos, com o complemento sempre presente da reação policial acima do razoável. Mas se a fagulha provocou fogo foi porque havia muita palha no paiol.

A novidade, em comparação com o que ocorreu no passado brasileiro (nisso nosso movimento se assemelha aos europeus e norte-africanos), é que a mobilização se deu pela internet, pelos twitters e pelos celulares, sem intermediação de partidos ou organizações e, consequentemente, sem líderes ostensivos, sem manifestos, panfletos, tribunas ou tribunos. Correlatamente, os alvos dos protestos são difusos e não põem em causa de imediato o poder constituído nem visam questões macroeconômicas, o que não quer dizer que esses aspectos não permeiem a irritação popular.

Complicador de natureza imediatamente política foi o modo como as autoridades federais reagiram. Um movimento que era "local" - mexendo mais com os prefeitos e governadores - se tornou nacional a partir do momento em que a presidenta chamou a si a questão e a qualificou primordialmente, no dizer de Joaquim Barbosa, como uma questão de falta de legitimidade. A tal ponto que o Planalto pensou em convocar uma Constituinte e agora, diante da impossibilidade constitucional disso, pensa resolver o impasse por meio de plebiscito. Impasse, portanto, que não veio das ruas.

A partir daí o enredo virou outro: o da relação entre Congresso Nacional, Poder Executivo e Judiciário e a disputa para ver quem encaminha a solução do impasse institucional, ou seja, quem e como se faz uma "reforma eleitoral e partidária". Assunto importante e complexo, que, se apenas desviasse a atenção das ruas para os palácios do Planalto Central e não desnudasse a fragilidade destes, talvez fosse bom golpe de marketing. Mas, não. Os titubeios do Executivo e as manobras no Congresso não resolvem a carestia, a baixa qualidade dos empregos criados, o encolhimento das indústrias, os gargalos na infraestrutura, as barbeiragens na energia, e assim por diante.

O foco nos aspectos políticos da crise - sem que se negue a importância deles - antes agrava do que soluciona o "mal-estar", criado pelos "malfeitos" na política econômica e na gestão do governo. O afunilamento de tudo numa crise institucional (que, embora em germe, não amadurecera na consciência das pessoas) pode aumentar a crise, em lugar de superá-la.

A ver. Tudo dependerá da condução política do processo em curso e da paciência das pessoas diante de suas carências práticas, às quais o governo federal preferiu não dirigir preferencialmente a atenção. E dependerá também da evolução da conjuntura econômica. Esta revela a cada passo as insuficiências advindas do mau manejo da gestão pública e da falta de uma estratégia econômica condizente com os desafios de um mundo globalizado."

sábado, 29 de junho de 2013

Nada será como antes amanhã...



Realmente não podemos negar a força das ruas e sua capacidade de gerar mudanças, afinal “nunca antes na história desse país” tantas mudanças propostas pelo poder legislativo e poder executivo tiveram uma tentativa de execução tão IMEDIÁTICA (Neologismo meu, em uma palavra que combina: imediatismo com exposição na mídia), assim o país passa um momento de mudanças que para o bem e para o mal vão produzir um efeito prático e direto na vida da sociedade.

Entretanto, contudo, todavia, não podemos pensar que todos os problemas do Brasil serão resolvidos de imediato, não vão. Além das mudanças propostas e desejadas o comportamento da gestão pública no país deve sofrer modificações, pois não será possível dentro do mesmo sistema adequar mudanças legais e políticas profundas mantendo-se o mesmo modus operandi da gestão pública ineficiente e corrupta.

Quando falo em gestão pública eficiente estou falando de um bom e velho receituário liberal e enxuto. Então o leitor pode se perguntar, mas os objetivos dos movimentos não são o passe livre, a geração de bem estar social, ampliação dos direito públicos... e blábláblá... Ok?! Mas quem vai pagar a conta de tudo isso? É correto tornar a sociedade dependente de mais estado e ampliar os gastos públicos fazendo uma espécie de crowding out em setores chaves da sociedade? Mas a nossa constituição permite isso, ela possibilita a ampliação desses benefícios com o ônus do estado...

Agora a pergunta é? Você é contra saúde pública? Contra escola pública? Contra o público em detrimento do privado? A resposta é simplesmente econômica: Sou a favor da eficiência da gestão pública, um modelo de sociedade que centraliza e carrega todos os custos sociais e ampliados de uma sociedade “gigante” como a brasileira gerará em um futuro próximos graves distorções, o pedido não é assumir tudo e pronto, problemas resolvidos, mas sim deixar o estado o que lhe compete, com menos cargos comissionados, menos ministérios, menos regulação em setores importantes, mais privatizações (ops! Desculpe, a palavra agora é desestatização), menos burocracia e principalmente mais capitalismo e concorrência.

Seria muita ingenuidade achar que a mão pesada e forte do estado irá produzir apenas efeitos positivos sobre a nossa economia e o nosso dia-a-dia, isso não é verdade e os dados e a história provam isso, ou você prefere morar na Suíça ou na Coréia do Norte, ou em Cuba?...

Para finalizar, percebo que o Brasil passa por momento de “inflexão” econômica e política, as coisas irão mudar nos dois lados. Na economia a desaceleração real do nosso produto, a inflação, a elevação da taxa SELIC (tardiamente), a desordem do governo com relação a taxa de câmbio e a elevada desconfiança do investidor nacional e internacional em relação ao país irão produzir na minha opinião ajustes importantes nos indicadores da economia nacional. -Por favor senhores passageiros apertem os cintos, passaremos por uma turbulência mediana (elevação do desemprego e elevação dos calores bancários em termos marginais). E sobre as mudanças políticas?! Essas eu não vou fazer nenhum exercício de futurologia, prefiro aguardar...

E para finalizar o texto dessa semana vou me remeter aos versos de um poeta que admiro muito e coincidente mente nesse momento estou na sua terra mátria, assim:

Sei que nada será como antes, amanhã, Que notícias me dão dos amigos? Que notícias me dão de você? Sei que nada será como está, amanhã ou depois de amanhã” – por Milton Nascimento.